ABASTECIMENTO DE ÁGUA

 

1898 - Primeiro Serviço de Abastecimento de Água -

       Represa do Chico Porto, inaugurada no ano de 1898, enviava água até a cidade por gravidade;

 

1908 - Implantação da rede de esgotos do Município, inaugurada em 1912;

 

1956 - Inauguração do Reservatório Ambrózio Pierobon (antigo Haras Ingá)

 

1997 - O Sistema de Abastecimento de água de Descalvado, é composto por sete mananciais, todos eles de origem subterrânea, são eles:

MANANCIAL

PRODUÇÃO

RESERVA

Represa Rosária

310 m3/h

ETA 2.250 m3

Represa Calmon

148 m3/h

ETA 2.250 m3

Berto

-

350 m3

Poço Morada do Sol I

18 m3/h

250 m3

Poço Morada do Sol II

25 m3/h

250 m3

Poço Jardim Lago I

13m3/h

1.230 m3

Poço Jardim Lago 2

20m3/h

1.230 m3

Poço Nicola Gola

13 m3/h

20 m3

Poço Santa Cruz

16 m3/h

150 m3

Poço Bela Vista

18 m3/h

80m3

Total

581 m3/h

4.330 m3

As represas Rosária e Calmon ficam no Córrego da Prata.

 

O ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL

(Antonio Êrveu Betarello e Odenor Pedro Ivo Ferreira Betarello)

 

1 - O povoado do Descalvado, em 8 de Setembro de 1.832, formado de uma pe­quena capela e de cinco casebres, tinha, como água potável, a água dos poços abertos nos terrenos contiguos às construções rústicas. Com o correr do tempo, aumentaram‑se os casebres em derredor do Pátio da Capela e pelas ruas delineadas e, então, novos poços foram abertos. Quando a água do poço escasseava, nas grandes secas, ia‑se buscá‑la em carroças ou nos lombos de animais, nos ribeirões que corriam e ainda correm, sulcando o povoado nas zo­nas oeste e norte.

2 - Por volta do ano de 1.810, desco­brira-se, no meio de grande brejo, uma excelente água. Era a água da Biquinha que depois se tornou lendária em nossa terra, pois dizia‑se que quem bebeu água da biquinha, cedo ou tarde voltaria ao Descalvado. A descoberta da Biquinha fez com que os moradores descalvadenses, por con­ta própria, limpassem aquela área, drenas­sem as águas estagnadas por valas que iam descer no ribeirão próximo e melho­rassem o sítio da Biquinha. Essa Biquinha ficava situada nos terrenos depois pertencentes à Companhia Paulista de Estradas de Ferro, bem defronte ao seu Armazem de Cargas. Foi essa biquinha que durante sessenta anos serviu a cidade e matou a sede dos velhos descalvadenses.

3 - De 1.860 a 1.898, existiram, no Des­calvado, os aguadeiros que vendiam água em barris, cuja carga era conduzida em carroças e animais. A água vendida era a da Biquinha mas muitas vezes, a água do ribeirão próximo também se prestava para esse mister.

No curso de 1.845 a 1.865, o Juíz de Paz da Paróquia, que tinha poderes de administração, tomou, a si o encargo de me­lhorar o local onde corria a Biquinha. É dessa época a pequena mureta que se fez de cantaria, guarnecendo o barranco de on­de jorrava a água. Quando se instalou a Câmara Municipal, esta tomou o encargo de zelar pela Biquinha, mas nenhum me­lhoramento operou em relação à sua con­servação. E foi com água dos poços e com água da Biquinha que se serviu a popula­ção. Nesse tempo de água difícil, o banho era caro, banho que se tomava em grandes bacias de folhas de Flandres, ou em pipas de aguardente serradas ao meio.

4 – Quando surgia no povoado uma epidemia quando grassavam febres malignas o clamor popular se voltava contra a água de poços, água contaminada quase sempre pela proximidade de cloacas ou de fossas sanitárias que na época, se denominavam latrinas. E, então, o problema era tratado teoricamente e a Câmara ordenava que se limpasse o matagal adjacente à Biquinha e que se conservasse dito sitio sempre lim­po. Mas era só. E isso correu lontro tem­po até que o vereador Gaudêncio Ferreira de Quadros, à vista do estado de apreensão que se fazia notar na Vila, em 28 de Janeiro de 1.883, indicou à Camara para que esta representasse perante a Assem­bléia Legislativa da Província pedindo o auxílio de 8 contos de réis para a cana­lização de água potável e construção de um chafariz para servidão pública, visto ser esta uma das necessidades mais pre­mentes da Vila. Nessa ocasião, mesmo na Capital da Província, a água era canaliza­da para chafarizes colocados em lugares de fácil acesso. Nesses chafarizes, colocavam-­se duas ou mais torneiras e a população ali ia se servir de água potável. O verea­dor Miguel Arcanjo da Silva, que foi um dos grandes descalvadenses do século XIX, verificando que o que era pedido pe­lo seu colega Gandêncio Quadros era obra de grande vulto e porisso mesmo não se realizaria tão cedo, apresentou, em adita­mento à indicação acima, uma emenda que ao invés de pedir à Câmara 8 contos de réis para a canalização da água potável para um chafariz, se fizesse uma caixa de água com uma ou duas torneiras na fonte desta Vila denominada Biquinha, gastando­-se, nisto, até um conto de réis, cuja quantia seria tirada do pedido de empréstimo de 20 contos de réis, já feito e prestes a ser recebido.

Posta a votos a indicação do vereador Gaudêncio de Quadros, foi a mesma rejeitada, sendo aprovado o aditamento do edil Dr. Miguel Arcanjo da Silva.

5 - Tendo a Câmara recebido o empréstimo so­licitado, em 29 de Abril de 1883, era aberta a concorrência pública para os melhoramentos na fonte da Biquinha. Aberta a concorrência, apresentaram‑se dois candidatos para o trabalho de melhoramento da fonte, mas, fato curioso, nenhum deles foi aceito. E a Biquinha continuou com sua mureta de cantaria (pedra). Em 8 de Novembro de 1884, um ano e meio após a concorrência, o Presidente da Câmara, Major Arthur Horácio de Aguiar Whitaker à vista do estado precário apresentado pela fonte da Biquinha, indicava à Câmara no sentido de que se levasse a efeito o projeto aprovado por ela sobre a construção de uma caixa no lugar denominado Biquinha e que se autorizasse a Comissão de Obras Públicas a contratar a obra com quem melhores vantagens oferecesse. Nada no entanto foi feito. Continuou a Biquinha com a sua mureta de cantaria. E assim continuou durante os anos de 1.885 e 1.886. Em 8 de Janeiro de 1.887, Gabriel Amâncio Lisbôa reclamava, no Plenário da Câmara, a urgente necessidade de aproveitar-se a água da Biquinha que abastece, com dificuldade, grande parte da população, indicando que se declarasse de utilidade pública o terreno para construção de uma caixa de água com torneira, indenizando se o proprietário do terreno. Decidiu a Câmara designar a Comissão de Obras para estudar e dar parecer a esse respeito. Em 14 de janeiro de 1.887, a Comissão de Obras Públicas dava o seguinte parecer: “A Comissão tendo falado com o proprietário do terreno, onde se acha localizada a Biquinha, Sr. Barbosa Leite, recebeu deste o pedido de indenização na importância de 100$000”.

Discutido e votado o parecer, foi o mesmo apro­vado e autorizado o Presidente a receber a escritura do dito terreno.

Em 22 de Janeiro de 1887, por proposta de Ga­briel Amâncio Lisbôa, era a Câmara autorizada a Contratar a confecção da caixa de água da Biquinha. Es­sa caixa era inaugurada em Abril de 1887 e compor­tava duas torneiras para uso público Dez anos depois desapareciam a caixa e as duas torneiras, ficando a velha mureta de cantaria.

5 - Como, porém, a água da Biquinha não desse para o consumo de uma população grande, como o era o da cidade do Descalvado, voltou se a atenção dos vereadores descalvadenses para outros mananciais cogitando se da canalização de água para as casas. Em 24 de Maio de 1889, o vereador Francisco de Paula Carvalho indicava que se solicitasse, do Governo da Província, a quantia de 40 contos de réis para abastecimento de água potável à cidade principal ele­mento para a futura garantia da salubridade pública. O ano de 1.889 foi um ano funesto para o Descalvado. Terrível epidemia varreu a cidade trazendo o luto, a dor e o desespero. Foi porisso que em 24 de Janeiro de 1.890, depois de ter sido sacudida pela epidemia a Câmara nomeava uma  comissão composta do vereador Francisco de Paula Carvalho, do fazendeiro Nunes Diogo Nogueira da Motta e do cidadão José Antonio Rodrigues para estudar a escolha de água potável para a cidade, contratando‑se um engenheiro para o levantamento da planta respectiva e fornecimento do orçamento competente. O intendente municipal Luiz Thomaz Noqueira da Motta, em 22 de Março de 1.890, indicou à Câmara, que se solicitasse, do Governo do Estado, a remessa de um engenheiro para examinar as águas do município e ver qual delas se prestava para o abastecimento da cidade. Para esse fim, veio a Descalvado o engenheiro Frederico Marques de Sá que esfetuou o estudo das águas de vários mananciais, cobrando por esse serviço a quantia de 300$000, que foram pagos ao engenheiro Manoel Ferreira Garcia Redondo por conta de quem trabalhou, o engenheiro Frederico Marques de Sá. Das águas estudadas a que melhor convenceu o engenheiro Marques de Sá, foi a do sítio “João Porto”.

7 - O Banco Construtor e Agrícola de São Paulo, por intermédio de seu presiden­te, doutor José Pinto do Carmo Cintra, em 20 de Outubro de 1890, escrevia ao Con­selho descalvadense, pedindo informações a respeito de poder aquele Banco apresen­tar as bases de uma proposta de tomar a si a realização de todas as obras, custeio e conservação referentes ao abastecimento de água potável à cidade. O Conselho Mu­nicipal respondeu n­esse sentido. No entanto, o Banco citado apenas se cingiu a essa correspondência, não mais se manifestan­do, embora solicitado pelo Conselho Muni­cipal descalvadense. A vista desse silêncio, em 16 de Junho de 1.891, o Conselho de Intendência mandava publicar editais, cha­mando concorrentes para o abastecimento de água nesta cidade, por contrato com a mesma Intendência, por privilégio ou outra forma.

8 - Em 14 de Setembro de 1.891, Joaquim Martins Pimenta, que foi um grande batalhador pelo progresso do Descalvado, em petição enviada à Intendência Munici­pal, declarava ter interesse em apresentar proposta para o serviço de canalização de água potável para a cidade, de conformi­dade com o edital publicado. O Poder Mu­nicipal descalvadense não deu, todavia res­posta pronta ao bravo empreiteiro Joaquim Martins Pimenta, e nada se fez nesse sen­tido. Foi por isso que Justiniano Rodrigues da Silva, em 23 de Agosto de 1.892, alarmado com os sinais precursores de nova epidemia, que de fato eclodiu em 1893, as­sim se dirigiu à Intendência Municipal: “Indico que se autorize o seu Presiden­te a fazer todo e qualquer contrato com quem melhor' entender, para o abasteci mento de água potável nesta cidade, pro­visoriamente, até que seja feito o sanea­mento, canalização de águas e extendida a rede de esgotos por parte do Governo do Estado. E isto por falta absoluta de água potável que temos e pela proximida­de do verão que nos ameaça com suas febres”.

Tinha razão o intendente descalvadense, Justiniano Rodrigues da Silva. A epide­mia de febre amarela apanhou nossa cida­de em cheio, em 1.893, o serviço de abas­tecimento de água potável não foi realiza­do e durante seis meses a Câmara esteve fechada. A epidemia de febre amarela de­clinou em Setembro desse ano. Em 13 de outubro de 1.893, ainda sob o impacto da hectacombe, a Câmara Municipal encarregava o Dr. Domingos Maria de Oliveira Roxo, engenheiro, a levantar a planta da cidade para o serviço de abastecimento de água e rede de esgotos. Levantada a planta, estudado o abastecimento de água, cogitou-se da canalização da água.

9 - Esse empreendimento, iniciado em 8 de Janeiro de 1.896, com um Projeto de Lei de desapropriação da água denominada “João Porto”, projeto de lei do ilustre des­calvadense Dr. Amâncio Guilhermino de Oliveira.Penteado, descalvadense que bri­lhou no século XIX e no século XX, con­tinuou em 1.897 e terminou em 1.898, quan­do a cidade se abasteceu de água potável, canalizada para as residências. Foi emprei­teiro desta obra Joaquim Martins Pimenta. O serviço de canalização de água po­tável, empreendido por Joaquim Martins Pimenta, sob a responsabilidade da Câma­ra Municipal e direção do Agente Executi­vo, esteve a ponto de fracassar, dada a falta de recursos no orçamento municipal e esteve ameaçado de não prosseguir. Co­gitou‑se, na sessão de 30 de Novembro de 1.896, em discussão acirrada, de propor‑se a encampação do serviço de águas do mu­nicípio, por parte do Governo do Estado. Dessa dificuldade safou‑se a Câmara Muni­cipal, graças à dedicação de Joaquim Mar­tins Pimenta que assumiu a responsabilidade da dívida contraída e propôs recebê-la dos cofres municipais, em parcelas men­sais contínuas.

9 ‑ Em 7 de Julho de 1.897, João Perei­ra Tangerina pedia à Câmara que nomeas­se uma comissão para entender‑se com ele sobre o preço e modo de pagamento da água para abastecimento desta cidade, cu­jo manancial lhe pertencia. Nomeada a co­missão, estudou esta o melhor modo de saldar essa dívida e tudo foi resolvido sa­tisfatóriamente. Era remetida, em 8 de Julho de 1898, pela Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, à Câmara Municipal do Des­calvado, a planta do perímetro que deve ser desapropriado, pela edilidade descalva­dense, nas cabeceiras do córrego “João Porto”, a planta que veio acompanhada do res­pectivo memorial. Como complemento ao serviço de encanamento de água, a Câma­ra Municipal ordenou a construção de uma Caixa de Água como reservatório de água, trabalho efetuado por Joaquim Martins Pi­menta, sendo que a Caixa‑reservatório foi construida em sua própria chácara, depois de propriedade de Augusto Cerantola. Devem existir ainda vestigios dessa primitiva Caixa de água, localizada em a Av. São Bom Jesus.

10 ‑ Como o serviço de águas da cida­de estivesse sôbre a direção do Agente Executivo (nome que na época recebia o Prefeito Municipal), sendo a função de Agen­te Executivo gratuíta, em 16 de Maio de 1.899, requeria este lhe fosse paga uma gra­tificação pelo trabalho que teve com a di­reção desse serviço.

11 - Em 16 de Julho de 1.899, Ângelo Brambilla pedia a concessão de uma pena de água para a sua chácara denominada Tamanduá. Em 2 de Agosto do mesmo ano, era deferido o pedido, devendo, porém, a derivação ser feita por conta do suplican­te. Em Novembro de 1.889 havia água encanada no sítio do Tamanduá, onde estava instalada uma fábrica de cerveja.

12 - A vista do êxito obtido pelo pro­prietário do sítio Tamanduá, os cidadãos Constante Pivesso, Hermenegildo Lasseri, Primo Facchini, Marco Zaffari, André Mon­zani e Affonso Pelizaro, todos eles residen­tes nos bairros de São Sebastião e Santa Cruz, requereram em 16 de Outubro de 1.899, que a Câmara mandasse colocar o respectivo registro em suas casas para uso de torneiras. Esse requerimento foi manda­do que aguardasse oportunidade, visto não comportar a verba municipal despesa des­sa importância. E durante o século XIX, os bairros de São Sebastião e Santa Cruz não viram a água encanada.

13 - Para o serviço de abastecimento de água encanada, na cidade, despesas de vulto foram contraídas, o que sobrecarre­gou bastante o orçamento municipal. Para fazer face a essa disparidade, criou‑se a taxa de água que arrecadava dinheiro para minorar a dívida contraida. Foi bem pesada, em seus primórdios, essa taxa de água, dando margem a reclamações inúme­ras de particulares. E não só os particula­res gritaram.  A Companhia Paulista de Es­tradas de Ferro, por intermédio do Chefe da Estação local, Antônio dos Santos Soa­res, em 2 de Dezembro de 1.899, pedia re­dução do imposto que foi coletado àquela via férrea no que concerne ao abastecimen­to de água. Eram, porém, os pedidos de redução sempre denegados. Afinal um ser­viço de utilidade pública, como o do abas­tecimento de áqua potável, podia exigir o sacrificio da coletividade. Era esse o pen­samento da edilidade descalvadense no século XIX, exarado nos inúmeros requerimentos que lhe foram endereçados. Ainda estava na memória de todos o sacrifício sofrido pela coletividade nas terríveis epidemias que em boa parte eram carreadas pela péssima água que se bebia, antes do advento da água encanada.

 

ENERGIA ELÉTRICA (Luiz Carlindo Arruda Kastein)

 

- 04/10/1897 - primeiro contrato entre a Prefeitura e René Tropford e Maximiliano Erhart, para fornecimento de energia elétrica.

Coube ao Dr. Antonio Cândido de Camargo, ilustre médico descalvadense, a iniciativa da instalação da luz elétrica em Descalvado, fundando com outros cidadãos descalvadenses uma companhia para a exploração do serviço de iluminação elétrica, a Empresa de Eletricidade e Força e Luiz Ignarra Ltda. No dia 14 de dezembro de 1902, era festivamente inaugurada a iluminação elétrica. A usina fornecedora de energia localizava-se hoje no bairro do Butiá no Ribeirão Bonito, obra do Engenheiro Emílio Kuntgen. Com grande festejo, Descalvado comemorou a substituição dos poéticos lampiões pela luz maravilhosa. Alvorada com queima de uma bateria de 21 tiros, a doação de 1.500 litros de chope aos munícipes e visitantes, trem especial até a Usina fornecedora, no bairro do Butiá, no Ribeirão Bonito, mais a queima de 2 baterias de fogos, uma defronte a Câmara Municipal e outra na então Praça 15 de novembro, hoje Barão do Rio Branco (Jardim Velho). Houve também concertos de bandas musicais, onde quatro corporações alegraram os festejos da intensa comemoração popular. Portanto há 91 anos Descalvado serve-se de luz elétrica e a conquistou quando ainda poucas cidades do Brasil a usufruía, numa demonstração clara de sua importância naqueles tempos remotos.

Depois foi transferida para a Companhia Paulista de Eletricidade, então com sede em São Carlos que inaugurou a Usina de Capão Preto também no Município de São Carlos. Na década de 60 a Companhia Paulista de Eletrecidade passou para a CPFL - Companhia Paulista de Força e Luz, subsidiária da ELETROBRÁS que atende um vasto território do Estado de São Paulo, reformulando todo o setor de linhas e abastecimento, posteamento e planificações, passando a contar com uma sub-estação  da CHERP - Companhia Hidrelétrica do Rio Pardo (atual CESP - Companhia Energética de São Paulo).

No dia 26 de julho de 1970 foi inaugurada a Sub-Estação da CESP em Descalvado.

 

ILUMINAÇÃO NO SÉCULO XIX

(Antenor Ervêu Betarello e Odenor Pedro Ivo Ferreira Betarello)

 

1 - Da data de sua fundação até 3 de Março de 1886, o Descalvado viveu, de noite, às escuras. Não havia iluminação pública. Os moradores abastados ilu­minavam a fachada de suas casas nos dias de festas. Via de regra, durante cinqüenta anos a noite no Des­calvado era de trevas. Ninguém se abalançava sair no escuro, pois havia sempre surpresas. Nos dias de festas, a iluminação era alimentada com azeite de mamona ou óleo de peixe. Fumegavam os lampiões e empestavam o ar com sua emanação fedorenta. Mesmo essa iluminação, em dias de festas, não passava da meia noite.

Relata um viajante desse tempo que as noites eram trevosas, quando não havia lua, acontecendo, algumas vezes, pisar‑se em sapatos que, ocultos duran­te o dia nos quintais, de noite, vinham para a via pública tratar da vida. Uma senhora daquela época sair à rua, à noite nesses tempos era proibido.

2 - Logo depois do término da Guerra do Para­guai em 1870 a Câmara Municipal, auxiliada pela boa vontade de alguns abnegados moradores tratou de amenizar o problema da iluminação pública, fornecendo a certos moradores residentes em lugares proprios, óleo necessário para a iluminação da fachada iluminando assim as noites mais escuras, porém é certo que era uma iluminação precária com dez lampeões, um para cada rua do povoado, postados  nos quarteirões mais próximos do Largo da Matriz, que era o centro da cidade. Esses lampiões, eram ligados três vezes por semana, às quartas feiras, sábados e  domingos, quando não havia lua, pois nos dias que havia lua não se acendiam os lampiões que difundiam uma luminosidade mortiça (sem brilho) que só alumiava um pequeno espaço, projetando longas sombras movediças, quando o vento balouçava os lampiões ou soprava uma brisa. É de supor‑se o medo de assombrações nessa época passada!

3 - A iluminação precária da cidade não satis­fazia aos moradores de uma povoação rica e próspera. A cidade vivia á noite entocada, pois não era convidativo o passeio pelas sombras. A Câmara, acudindo aos anseios da população mandou instalar dezoito lampiões pelas ruas. Na noite da inauguração a comitiva oficial, acompanhou o fiscal da edilidade até ao 18º lampião, para o ato oficial de ser aceso, e em seguida, em casa do cidadão Antonio Martins de Oliveira, houve lugar a animado baile que foi até à meia noite.

Os desordeiros e os lampiões

4 – Havia, em Belém do Descalvado, nessa época da inauguração dos lampiões pú­blicos para a iluminação, uma malta de desor­deiros, constituída na maioria de capangas e protegidos. Raro era o descalvadense impor­tante quer não tinha seus guarda‑costas ou capangas. Era coisa necessária naquela época em que as viagens eram bem temerárias e os caminhos não ofereciam garantias contra as emboscadas.Um motivo qualquer era o bastante para que um lampião fosse varado por uma bala 44, ou danificado com certeira pedrada. Para esses desordeiros, embora a ilumi­nação só fosse acesa, três vezes por semana, a iluminação pública não lhes era favorável para as façanhas. Daí o desejo de que tudo voltasse aos velhos tempos da completa escuridão. O abuso dos malfeitores tomou tamanho incre­mento que um vereador de peito e energia, o valoroso edil Dr. Miguel Archanjo da Silva; tomou a si o encargo desse policiamento e indicou, a Câmara que solicitasse, à Assembléia Provincial, fosse colocado, no Código de Postu­ras do Descalvado, o seguinte artigo: “Todo aquele que danificar quer postes,­ quer lampiões da iluminação pública desta Vila, lhe será imposta a multa de dez mil réis”.

Essa medida com o apoio irrestrito da Câ­mara, pode corrigir, em parte, o abuso que se fazia sentir. As multas foram aplicadas e os re­calcitrantes não foram poupados. A respeito de servirem de tiro ao alvo por parte dos malfeito­res, houve um homicídio nesse sentido. Um valentão de má sorte propalou por toda a parte, que não deixaria de exercitar‑se nos lampiões, no tiro ao alvo, nem por causa da multa nem de outras represálias. E, num assomo de lampionismo, vociferou que não tinha medo de ninguém. Algum “espírito de porco” levou a notícia aos ouvidos do Presidente da Câmara. Este se pôs em comunicação com o delegado de polícia de então, cargo que era escolhido por proteção política O delegado de polícia destacou um permanente aqui sediado, acompanhado de dois guarda costas, para policiarem os dezoito lampiões da cidade. Em certa noite escura ouviram-se dois estam­pidos de arma de fogo. Na manhã seguinte jaziam no solo juntos, um cadáver de desordeiro e um lampião dilacerado.

O arrendamento da concessão de utilidade pública

5 ‑ Inaugurada em 1886 foi a iluminação pública mantida pelos funcionários da Câmara Municipal, com prejuizo às vezes do serviço de rotina. Contra esse estado de coisas o vereador Barbosa Leite se insurgiu e, em 13 de Fevereiro de 1887, propunha, à Câmara que se constituísse uma comissão para estabelecer as bases de um contrato de concessão, a fim de chamar concorrentes para o serviço de iluminação pública da Vila. Para essa comissão foram nomeados os vereadores Barbosa Leite, Durismundo Lisbôa e o de Salvador Meyer e essa comissão pode um mês após, apresentar as bases do contrato, bases que foram aceitas pela edilidade. Aprovadas as bases do contrato teve lugar a concorrência pública nela se inscrevendo dois candidatos: Antônio Angelo Soares e Delfino de Souza Bueno. A mesma comissão que estabeleceu as bases do contrato foi a comissão especial encarregada de dar o parecer a respeito das vantagens oferecidas pelos concorrentes. Em 5 de Julho desse mesmo ano dava o seguinte parecer: “A comissão especial nomeada para dar parecer sobre as propostas apresentadas para o serviço de e iluminação pública desta Vila, concorrendo os senhores Antônio Angelo Soares e Delfino de Souza Bueno, é de parecer que esta Câmara contrate o referido serviço com o senhor Antônio Angelo Soares porque ofe­rece melhores vantagens”.

Em 22 de Julho era assinado o contrato, pas­sando o serviço a ser feito por particular. Em 22 de Outubro de 1887 Antônio Angelo Soares pedia, á Camara o pagamento de 550$00 pela iluminação do trimestre vencido, sendo ordenado pela edilidade, o paga­mento deduzidas desse pagamento, as multas que foram aplicadas pelo fiscal por irregularidades verificadas. Recorreu dessas multas o concessionário mas elas foram mantidas pela comissão de justiça

6 ‑ Em 9 de Julho de 1888, Antônio Angelo Soares reforma o contrato de fornecimento de luz públi­ca por mais um ano. A iluminação da cidade continuava a ser feita com 18 lampiões a querosene. Con­tra essa má iluminação, ou melhor contra a escuridão em que estavam mergulhadas as ruas da cidade, à noite insurgiram-se, em 27 de Maio de 1889, os mora­dores do Largo do Rosário, hoje Praça do Rio Branco e reclamaram medidas urgentes contra a insuficiên­cia de lampiões ali existentes e reclamavam a coloca­ção de outros mais. O Largo do Rosário, nessa época com sua capoeira alta, servia de palco para cenas de­gradantes, no escuro. A Câmara, tomando em apreço a reclamação resolveu que se daria solução a essa reclamação “tão logo terminasse o atual contrato com o senhor Antô­nio Angelo Soares. Estando a findar o contrato da iluminação pública com a antecedência de um mês a Câmara abriu nova concorrência pública, afixando editais. Para a nova concorrência apresentaram se:

“1 - Antonio Vieira negociante, que se propunha fornecer iluminação pública na cidade com o aumento de cinco ou seis novos lampiões que a Câmara pretenda mediante o pagamento de 2:100$000 anuais.

2 ‑ Patrocínio de Arruda Pais propondo-se a contratar a iluminação da cidade e fazer todas as despesas com a mesma inclusive o assentamento de 5 ou 6 lampiões, a conservá-los limpos com luz clara des­de o por do sol até ás 11 ou 12 horas nas noites escuras por 2:250$000.

3 ‑ José Aleixo da Silva propunha o aumento de 5 ou 6 lampiões e mais um que existia abaixo da li­nha férrea que foi oferecido à Câmara pelo sr. Joaquim Xavier da Silva pelo preço de 2:000$000.

4 - Bernardino José Rodrigues Torres propunha fornecer a iluminação da cidade por 2:000$000, espe­cificando várias vantagens.

5 ‑ Francisco Corrêa da Costa propunha fornecer iluminação pública pela quantia de 1:995$000.”

Em 15 de Julho de 1.889, a comissão designada para opinar sabre as propostas deu o seguinte parecer:

“A Comissão de Justiça, á vista das cinco propostas apresentadas para contratar a iluminação desta cidade, pelo prazo de um ano das quais são proponen­tes Patrocinio de Arruda Pais por 2:250$000, Antônio Vieira por 2:100$000, José Aleixo da Silva e Bernardino José Rodrigues por 2:000$000 cada um e Francisco Corrêa da Costa por 1:995$000, é de parecer que a última, a do cidadão Francisco Corrêa Costa, é mais vantajosa, mas deve ser preferida a do senhor Bernardino José Rodrigues Torres que se compromete a mandar pintar os postes e lampiões e a dar iluminação durante 18 dias em cada mês. Assim sendo esta deve ser aceita».

Este parecer posto em discussão foi aprovado por unânimidade. Em 16 de Março de 1 890, o velho pedido dos moradores do Largo do Rosário foi atendido, sendo colocados mais dois novos lampiões nesse local. Vencido o prazo de um ano, em 6 de Junho de 1 890, novo edital punha em concorrência a iluminação pú­blica da cidade. Ao novo edital apresentaram‑se:

“1 - Pedro Ricci, propondo-se iluminar a cidade por 2:200$000;

2 - Francisco Geovanini, por 2:300$000;

3 - Antonio Angelo Soares com a seguinte proposta: iluminação, como se encontra, por 2:200$000; se a Câmara preferir mudar os lampiões antiquados por tupilas: que regulem 6 velas cada uma, pede 2:600$000 se ainda preferir trocar os velhos lampiões, por lampiões belgas, que regulam ter de luminosidade 10 velas, pede 3:200$000.

4 - Nunes & Chaves propunham contratar a iluminação da cidade por 2:100$000, mas garantiam em­pregar querosene de primeira qualidade, vidros dos melhores e torcidas da melhor fabricação e, ainda, mandariam pintar os postes.

5 - Francisco Corrêa da Costa pedia 2:190$000

6 – Augusto Motta fazia o serviço por 2:500$000.”

Mais uma vez a Comissão de Justiça se pronunciou e fê-lo do seguinte modo: “A Comissão de Justiça examinando todas as propostas para a iluminação desta cidade, é de pare­cer que seja aceita a do senhor Francisco Correa da Costa que, em todos  os pontos mencionados: por ele a comissão encontra reais vantagens, sendo preferível a proposta de 2:190$000, ficando ele obrigado a zelar de meais alguns lampiões que forem aumentados, não excedendo de seis”.

6 - 0 serviço de iluminação, pública, ao que parece, não dava margem de lucro aos seus concessio­nários. Fatores vários assim influíam, inclusive o furto de querosene dos lampiões, quase sempre praticado por moleques, chupando o conteúdo do receptáculo com um canudinho de mamona ou de mamoeiro, ou adrede preparado. Havia ainda os atos de depredação contra os indefesos lampiões apedrejados e espingardeados quase sempre.

Assim é que Antônio Angelo Soares yencendo duas concorrências, teve prejuízos; o mesmo aconteceu a Bernardino José Rodrigues e a Francisco Corrêa da Costa. Essa notícia era conhecida de todo o mundo, pois a própria Câmara, durante o ano de 1.886, quando teve o encargo da iluminação pública, sentiu esse prejuízo em seu orçamento.

7 - Em 18 de Julho de l.89l, novos editais chamavam concorrentes para o serviço de iluminação públi­ca, eis que o contrato estava para expirar. Aberta a concorrência, como era de espera, ninguém se apresentou. Em 4 de Janeiro de 1.892, como não houvesse aparecido nenhum concorrente, a Câmara deliberou publicar novos editais com o prazo de 15 dias, chamando os candidatos, devendo o procurador municipal, enquanto não se realizasse a concorrência, man­dar proceder à iluminação pública por conta da Câmara. Um só candidato se apresentou. Foi ele Francisco Corrêa da Costa, que tinha a experiência de dois anos de concessão pública e sabia do prejuízo que isso lhe acarretara. Pedia Francisco Corrêa da Costa, para es­se serviço, a quantia de 1.050$000 por trimestre, o que importava em 4.200$000 anuais. Foi designada uma comissão composta de Severiano José da Cruz, Landulfo Octávio Bezerra Pais e Francisco José Cardoso pa­ra dar o parecer a respeito. Desnecessário será dizer que o parecer foi favorável tão ansiosa andava a edili­dade para resolver esse problema de concessão pública. Mesmo com essa quantia que, para a época pare­cia exageradíssima, o serviço de iluminação pública andava péssimo. Era uma iluminação que assustava o cidadão, à noite, da rua. E tão péssima era que, em 22 de Agosto de 1.892, o vereador João Reis Pereira deu um solene estrilo em plenário, chamando a aten­ção da Câmara para esse descalabro. A edilidade confiou, à comissão de obras, esse estudo.

8 - Em 2 de Janeiro de 1893, nova concorrência pública foi aberta e, como de outra vez, só se apresen­tou um candidato: Francisco Corrêa da Costa. Eis as bases do contrato interessante.

“1 - O outorgado Francisco Corrêa da Costa se obriga a fazer durante um ano, a contar desta data, o serviço de iluminação das ruas e praças desta cidade inclusive o da Cadeia Pública servindo se, para isso, de lampiões existentes e dos demais que forem colocados

2 – Correrão a seu cargo as despesas com o for­necimento de querosene, depósitos, bocais, chaminés, torcidas, reparos, limpeza, etc;

3 - O serviço far-se-á de modo que os focos da iluminação projetem a melhor luz possível;

4 - Os focos de iluminação devem ser de acasos em todas as noites escuras desde ás seis horas até as doze horas e entendem‑se noites escuras dezessete delas em cada mês,  podendo apenas, quando saia a lua antes da meia noite, apagarem‑se os focos antes des­sa hora;

5 - A obrigação de substituir ou reparar os depósitos, vidros, chaminés dos lampiões só abrange os casos fortuitos e os de inutilização ou desmancho proveniente de atos do outorgante ou de seus empregados e não quando provenham de atos de terceira pessoa;

6 – O outorgante fica sujeito à multa de um mil réis por noite de cada foco que não funcione e de moda a fornecer boa luz, quer se deva à falta ou à deficiência de querosene quer ao mau estado de limpeza. dos vidros, chaminés, quer à qualidade dos materiais;

7 - As multas serão impostas por qualquer dos fiscais;

8 - Findo o tempo do contrato, os lampiões e outros materiais de que fala a cláusula segunda serão entregues em bom estado pelo outorgante, salvo in­denização dos que assim acharem;

9 - O outorgante se obriga a pagar ao outorgado pelos ditos serviços a quantia de 4:900$000 em prestações mensais de 408$333;

l0 - A importância das multas verificadas duran­te o mês serão deduzidas do respectivo pagamento.

11 – Os lampiões da frente da Cadeia Pública e os de dentro desta estarão acesos em todas as noites das seis horas da tarde às seis horas da manhã.”

Francisco Corrêa da Costa, com as novas bases do contrato e com a quantia estipulada nele, continuou a servir a iluminação da cidade durante os anos de 1.894 (5:000$000 e 1.895 (por 5:000$000). Em 1.896, o serviço foi vencido por João Alves de Oliveira Senne Filho, por 4:700$000 que continuou com o serviço em 1.897, por 4:800$000. Em 1.898, vencia a concorrência pública Francisco José Cardoso, por 4:700$000, continuando com esse serviço até dezembro de 1.899, quando se findou o século.

 

PRIMÍCIAS DA ILUMINAÇÃO ELÉTRICA NO DESCALVADO

9 - Durante o século XIX e é o que estamos historiando, o Descalvado não viu ilu­minação elétrica. Todavia houve iniciativa. As­sim é que em 6 de Setembro de 1.890, em o Plenário da Câmara Municipal  foi lida uma circular da Companhia Água e Luz do Esta­do de São Paulo, participando ao Conselho descalvadense que a mesma Companhia se en­carregava do estabelecimento da iluminação pública e particular por meio de eletricidade em cidades e vilas; que possuindo ela elemen­tos pecuniários e técnicos suficientes para bem executar os seus trabalhos, encarregava‑se, igualmente, do abastecimento de água potável e bem assim de obras de saneamento. Essa circular de 1.890, com essa notícia alviçareira, ficou relegada ao olvido. Em 1.896, seis anos depois, aparecia, no Descalvado, um engenheiro desconhecido. Fez relações de amizade com meio mundo, cultivou a confiança de todos, e um belo dia, requereu à Camara, que lhe fosse dado o privilégio de estabelecer a iluminação pública na cidade. A edilidade, em 14 de Outubro de 1.896, pela Comissão de Justiça deferia esse pedido, outor­gando, ao Dr. Henry Dina, a concessão para estabelecer uma empresa de luz elétrica na cidade. Obtida a concessão, o que objetivava o engenheiro Henry Dina era negociá‑la trans­mitindo‑a para terceiras mãos. E nesse senti­do empreendeu démarches (diligências). Foi por isso que, em 27 de Agosto de 1.897, reunia‑se, em caráter extraordinário, a Câmara Municipal a fim de tratar da oferta feita pelos engenheiros Renè Levy e Maximiliano Erhart que requeriam o privilégio dos serviços de iluminação elétrica da cidade. Como houvesse idêntica concessão feita ao Dr. Hénry Dina, foi deliberado que a Comissão de Justiça opinasse a respeito. E novamente.reunida a Câmara, em 31 de Agos­to de 1897, após a leitura do citado parecer, deliberou considerar caduca a concessão feita ao Dr. Henry Dina e aceitar, outorgando o privilégio, a oferta dos engenheiros Renè Levy e Maximiliano Erhart.

10 – A luz elétrica no Descalvado, só viria no século XX. O ano de 1899 se findou com os lampiões acesos às dezoito horas e apagados à meia noite, durante dezessete dias do mês, podendo-se apagar mais cedo quando surgisse a lua. Apenas ao invés de dezoito lampiões, havia, agora, 30 lampiões, sendo 5 belgas, que serviram a Cadeia Pública e suas adjacências. Mas Descalvado não perdeu por esperar, o Prof. Helmut Troppmair, narra como era precária a iluminação elétrica no final do século XIX, em sua obra “Aspectos Históricos e Geográficos de Rio Claro” quando cita a passagem de uma visitante por aquela cidade no ano de 1.886: “Como tivesse de esperar 24 horas pelo primeiro trem, pude assim admirar a iluminação das ruas dessa vila, iluminação que é o seu orgulho:- Está, quem tal acreditaria? Iluminada a luz elétrica; não há dúvida de que há aí pura ironia, como diria o poeta alemão Heine, pois essa iluminação parece Ter por fim transformar viandantes em noctâmbulos. A luz cintila violentamente, apaga-se e torna-se a se acender seguramente dez vezes por minuto, de sorte que se fica de todo cego e confuso, a ponto de não se saber onde se está. A municipalidade teria procedido com mais acerto economizando esse luxo e pondo em seu lugar um calçamento qualquer, ou instalar regadores”.

 

COMUNICAÇÕES:

 

TELEFONIA

            A história conta que Descalvado foi um dos municípios pioneiros no setor de serviço telefônico no Estado de São Paulo, tendo início no ano de 1904 através da Empresa Telefônica Camargo, sendo um dos seus diretores Júlio Ferraz de Camargo, introduzindo o serviço magnético.

1924 - Alfredo José de Faria

1928 - Simeão Gonçalves (Luiz Gonçalves e Irmãos)

1929 - Paulo Casati

1935 - A. B. de Sene Gola

1940 - Empresas Reunidas Antonio Zerbetto de Pirassununga

- 01/04/64 - Aquisição da Telefônica Zerbetto pela Empresa Telefônica Descalvado S/A

- 29/06/66 - Inauguração da discagem automática pela Empresa Telefônica Descalvado

- 24/11/75 - Transferência para a  TELESP.

 

HISTÓRIA DO TELEFONE EM DESCALVADO

 (Diógenes Gilberto Medeiros)

 

telefone:- aparelho usado para transmitir a palavra falada a distancia; funciona através da intensidade de corrente elétrica que  reproduz a variação da intensidade do ar, resultante da emissão de som. Inventado nos EUA  no ano de 1876, por Alexandre Grann Bell.

                                                              

            INICIO DO SÉCULO:

 

 (por volta do ano de 1904 - Descalvado já dispunha do que era chamado de “centro telefônico” (Empresa Camargo).

Não há registros de quem foi a iniciativa da implantação dos serviços, porém, ouvia-se dos antigos usuários que uma pequena mesa de telefonista, algumas centenas de trilhos de trem transformados em postes e muitos metros de arame de ferro, colocados pela cidade, no ano de 1906, pertencia ao Sr. Paulino Casati que sem registro de data, passou para a família de Simião Gonçalves, dando em pagamento a fazenda São Domingos.  Sucedendo esta, foi a Empresa do Sr. Nicola  Golla que no ano de 1947 passou o acervo à Empresa de Antônio Zerbetto. Os serviços eram operados pelas senhoras, Ines Vazoler , Maria Leite (telefonistas ), pelo Sr. Menaia Vazoler (técnico), alem de familiares do proprietário.

Durante os anos de 1946 a 1950, este ultimo empresário, com recursos próprios, ampliou os serviços colocando mais uma mesa para 100 telefones, retirou a grande maioria dos trilhos e todos os fios de ferro suspensos nos postes com cruzetas, deu lugar aos cabos de pares de fios com capa de chumbo, reduzindo visivelmente o espaço ocupado pelo volumosos feixes de fios nus. 

CURIOSIDADE:   uma instalação é feita por um par de fios ou seja, fase A e B. Na época a que estamos nos referindo, para que o espaço físico ocupado nos postes não fossem muito maiores, ligava-se a fase A do aparelho telefônico que estava no endereço do assinante à fase A da mesa no centro telefônico  através de um único fio, que percorria as ruas da cidade unindo os dois pontos; a fase B era ligada ao chão, ou seja, ligada em ‘terra’... procedimento para cada telefone .

Não se conhecia fila de espera e para se obter uma instalação de telefone, era suficiente que o interessado comprasse um aparelho com manivela e pilhas - a  manivela acionava um magneto interno que gerava eletricidade para tocar a campainha do telefone chamado e as pilhas, alimentavam a conversação; pela prestação do serviço, o empresário cobrava uma tarifa mensal fixa.

A CONCESSÃO, por ser serviço de utilidade pública, era dada pela Prefeitura Municipal que também através de demonstrativos contábeis apresentados pelo empresário , autorizava os aumentos de tarifa local, pois as tarifas interurbanas eram autorizadas pelo DAEE. - Departamento Estadual  de Água  e Energia Elétrica, a quem o empresário tinha que solicitar . Os serviços interurbanos entre Descalvado e Pirassununga, única via oficial de acesso para outras cidades, pertencia à Empresa Antônio Zerbetto. Um aumento de tarifa só acontecia depois de exaustivos demonstrativos junto a Prefeitura  que algumas vezes, enviava o processo para a Câmara  Municipal dar  o ‘parecer’; esta aprovação demorava meses,  porém, a autorização do aumento da tarifa interurbana por parte do DAEE., levava anos. Nesta época, para se completar uma ligação interurbana com a cidade de São Paulo, demorava um dia e quando completada, as pessoas ao telefone não se ouviam; uma ligação com São Carlos só era possível através de uma linha que a Companhia Paulista de Eletricidade mantinha para seus serviços e o recado era transmitido por mensageiro. Quem precisasse fazer um  recado urgente, tinha que se deslocar de carro por estradas de pedregulhos numa viagem de quase duas horas, até o “Bar Gruta Azul” de São Carlos, e lá ... esperar algumas horas.

A Empresa  “Antônio Zerbetto”, exerceu as atividades desde aquela data (ano de 1947) até início do ano de 1964 e trabalharam no quadro efetivo de funcionários, Senhores  Joaquim Goveia depois João Carnielli; Senhoras Florinda Zerbetto de Marco, Gessilda  Jordão Filla , Iracy Assoni Medeiros, Aparecida  Squassoni Licio, Angélica Medeiros  Bertini, Carmem Lúcia Carnielli Bianchi e Laurinda Dresler. Os serviços administrativos ram feitos em Pirassununga e o Senhor  Ézio De Marco tinha função de procurador . A Câmara Municipal nos anos 60 rejeitou projeto de lei de autoria do Prefeito Deolindo Zaffalon que dava mais 10 anos de concessão a Empresa Zerbetto, possibilitando assim a Fundação da Telefônica Descalvado.

INICIO DO ANO DE 1964

Nas primeiras reuniões do Rotary Clube de Descalvado  neste ano, sob a Presidência do Senhor Alberto  Sundfeld, iniciaram movimentos para que alguma coisa fosse feita  com o objetivo de diminuir as grandes dificuldades que a população e a economia em geral do Município, vinham sentindo pelos deficientes serviços de telecomunicações, pois as tarifas cobradas pela então permissionária eram  comprovadamente insuficientes para cobrir os custos de operação. Não havia como expandir os serviços considerando-se que a Empresa era particular, sem recursos e interesses em crescer e modernizar o sistema. A Prefeitura na condição de cessionária (quem dá concessão), não teria recursos para encampar, investir e operar os serviços a seu custeio; aumentar as tarifas não seria o caminho, pois somente aumentos significativos trariam soluções; por outro lado, insustentáveis para os usuários que fatalmente pediriam o cancelamento de suas assinaturas.

Na época, o perfil contábil da Empresa era o seguinte:

 

- telefones em residências - 115

- telefones no comércio e nas indústrias - 80

 

- tarifa residencial - Cr$ 4,30

- tarifa para comércio e indústria -Cr$ 6,40

 

- total da folha de pagamento - Cr$ 300.000,00

- total de funcionários  - 5

 

- haviam ainda outras despesas como, aluguel de taxi para consertos na linha interurbana, trocas de postes, fios, cabos, previdência social, aluguel de salas, energia elétrica, etc.          O movimento em busca de soluções para os serviços de telecomunicações, deixou de ser interno ao Rotary e foi formada uma Comissão Provisória, composta pelos cidadãos  Senhores Alberto Sundfeld, José Serpentino e Domingos Tallarico, com atribuições de negociarem com a Empresa Antônio Zerbetto”.  Para assessorá-los, foi contratada a Firma “COST”, (Cia Organizadora de Serviços Telefônicos).

Abril de 1964 - assessorados pela COST, a comissão, fez “chamada de Capital Inicial” para constituição da Telefonia  Descalvado S/A.- os subscritores de ações da nova  sociedade anônima, teriam um prazo de 30 dias para procurarem os bancos da cidade e depositarem os valores das subscrições em favor da Comissão Provisória; neste prazo ainda, foi convocada Assembléia Geral Ordinária, ocasião em que foram confirmados como Diretores Executivos: Presidente o Sr. Alberto Sundfeld, Superintendente  o Sr. José Serpentino e Tesoureiro o Sr. Domingos Tallarico. Nesta Assembléia ainda, foram criados o Conselho Consultivo e Conselho Fiscal com eleição e posse dos membros que ficou assim constituídos: - Fiscal: senhores João Batista Terra, Alfredo Sabongi  e Vitor João Teixeira Coelho; Consultivo: Senhores Sebastião de Arruda, Sebastião Faria da Cunha e Dr. Edinir Salvador Sapia.

Os Diretores  Executivos, teriam mandato por período  de 2 (dois) anos podendo serem reeleitos  e fariam jus a honorários  quando no exercício de suas funções; quanto aos Conselheiros, o mandato seria de 1 (um) ano, podendo serem reeleitos e não receberiam horários.

Empossadas as Diretorias, a Executiva cuidou da transferência do Contrato de Concessão e simultaneamente a compra do acervo da “Empresa Antônio Zerbetto”, consistindo dos equipamentos  e serviços no município de Descalvado mais um circuito interurbano até a cidade de Pirassununga este, um único fio de ferro, (a outra fase era a terra) ligado com a CTB (Cia Telefônica Brasileira) onde eram comutadas as ligações de entrada e saída para nossos telefones local.

 

TELEFÔNICA DESCALVADO S/A

 

Este era o nome de uma Empresa que iniciava suas atividades no dia 05 de Maio de 1.964, com seu primeiro e grande problema: conseguir credibilidade e confiança da população para um empreendimento de tal envergadura; outro problema imediato foi o pedido de demissão do empossado, Diretor Tesoureiro que alegando motivos particulares, deixou as funções no dia 30 de maio de 1964. Para preenchimento da vaga, seria necessário a convocarão de uma assembléia geral extraordinária, o que acarretaria despesas e haviam outras com prioridade. Os Diretores Presidente (Alberto Sundfeld) e Superintendente  (José Serpentino), resolveram assumir oficiosamente que, acumulariam as funções, ficando portanto a Diretoria, constituída por apenas dois Diretores.

Até posterior decisão, a Diretoria não seria remunerada. A contabilidade da Telefônica, até Dezembro de 1964 era feita pela COST em São Paulo; os recebimentos  e movimentos de caixa  eram executados pela Senhora Zilda Terezinha de Freitas e o Gerente Geral era o Senhor Maury de Assis, que se demitiu em Setembro de 1964.

Quanto as subscrições, uma visão otimista levaria crer que 200 (duzentas) linhas telefônicas seriam vendidas; o valor da subscrição era de Cr$195.000,00 divididos em 12 parcelas de Cr$16.250,00, sendo previsto ainda no contrato de adesão, um reajuste e não era estipulado no mesmo, valor  nem porcentagem.  A quantidade de telefone até então ligados era de 195 aparelhos, e foram feitas 175 subscrições.

A 15 de outubro de 1964 convidado pelo Diretor Presidente, a gerência geral da Telefônica, passou a cargo de Diógenes Gilberto Medeiros, que no mesmo mês, dirigiu-se a COST com objetivos de verificar a situação da Empresa Telefônica. A situação constatada era das piores. A Cia. contratada para assessorar tinha intenções de levar a Telefônica ao caos e depois se apoderar dela, como já vinha  fazendo em outras cidades como o caso de Casa Branca.

            Acertou-se então que o contrato de administração teria vigência até 31 de Dezembro do mesmo ano, após o que, não mais prestariam serviços e o valor mensal cobrado seria de Cr$100.000,00, com obrigações de fecharem o balanço anual de 1964 para a Assembléia Geral Ordinária que aconteceria no mês de abril de 1965. Neste mesmo ano,  o Senhor Antônio Paulo Pivesso, passou a responder pela contabilidade da Empresa. Por Assembléia Geral Ordinária de abril, os Conselhos permaneceram inalterados. O ano de 1965, decorreu sem grandes novidades. Somente deu-se o inicio da construção do prédio a Rua Orderigo Gabrielli, 566 a cargo do Senhor Antônio Alves da Cunha (Totó Cunha), bem como problemas naturais de recebimentos das prestações e pagamentos à duras penas. Em janeiro de 1966 foi terminado o prédio e  mudados os escritórios da  Empresa para o novo endereço ficando na Rua 24 de outubro, somente as telefonistas. 

A 15 de fevereiro de 1966, a Diretoria assinou contrato com a Siemens do Brasil, para fornecimento e instalação de um equipamento modelo B-64 para 200 terminais cujo valor total atingiu a cifra em torno de Cr$150.000,00 sendo que Cr$145.500,00  era o valor de 200 linhas e Cr$500,00, o custo de 200 aparelhos telefônicos. No contrato constava que a firma fornecedora teria prazo até 20 de junho do mesmo ano para colocar  e fazer funcionar o equipamento, o que aconteceu no dia 29 de junho de 1966, (dia das telefonistas). Paralelamente foi feito com o próprio pessoal um projeto de construção da rede de cabos de pares, e a montagem dessa rede ficou a cargo de Orivaldo Ivo Medeiros, Alvimar Ivo Medeiros, José Rissato, e dois funcionários da Telefônica Pirassununga S/A, que aos sábados e domingos, vinham auxiliar nos serviços. A inauguração aconteceu em clima de festas, sendo oferecido pela Siemens uma placa de bronze comemorativa e um coquetel; na placa continha os dizeres:- Telefônica Descalvado S/A. - inaugurada em 29 de junho de 1966

Diretores:

Presidente: Alberto Sundfeld

Superintendente: José Serpentino

Tesoureiro: Domingos C.Tallarico

Conselhos:

Fiscal:  João Batista Terra

Alfredo Sabongi

Vitor João Teixeira Coelho                                         

Consultivo:  Sebastião de Arruda

Sebastião Faria da Cunha

Dr. Edinir Salvador Sápia

Foram vendidas 175 inscrições  e nos dias que se sucederam, esgotaram-se as reservas.   

Na Assembléia Geral Ordinária realizada no mês de abril de 1966, a  Diretoria, bem como os Conselhos  foram reeleitos sem alteração no quadro. Em outubro deste mesmo ano já com demanda, foi feito um novo contrato com o fabricante, para mais 50 linhas. A Telefônica tinha  em caixa Cr$25.000,00 e as novas linhas custariam  Cr$50.000,00 mais os aparelhos telefônicos; ficou  contratado uma entrada naquele ato, de Cr$12.500,00 após 30 dias, uma segunda parcela de Cr$12.500,00 e a Siemens já deveria começar os serviços da ampliação que terminados, receberia a terceira parcela de igual valor e trinta dias após seria integralizado e que o preço dos aparelhos telefônicos estariam embutidos no valor de Cr$50.000,00.  

No dia 15 de novembro, sem alardes foram ativados os 50 novos telefones, entrando em operação 28 aparelhos, ficando uma disponibilidade de 22. Como a rede de cabos nas ruas tinha sido planejada para 500 assinantes, foi possível a expansão sem aumentar os cabos e como os novos telefones foram vendidos a Cr$1.000,00, a Telefônica pagou o terceiro compromisso de Cr$12.500,00 com o fornecedor, ficando com disponibilidade de Cr$15.500,00, mais 22 linhas que eram vendidas e instaladas no mesmo dia.      

Para evitar o mercado paralelo, a Telefônica criou a bolsa do telefone, que consistia em vender  e  comprar linhas das pessoas que tinham telefone e por alguma razão queria dispor dela. Eram feitos contratos de aluguel eventual, para se evitar também este tipo de mercado, no paralelo.

O serviço local estava resolvido, porém os interurbanos ainda era sério problema a resolver. Foi feito um projeto de reconstrução do circuito até Pirassununga com aumento de mais 3 canais e com a venda das sucatas que estavam no velho endereço foi possível comprar fios de alumínio, postes de concreto, isoladores e demais acessórios.  As madeiras para as cruzetas, foram trocadas toras de ipê por mão de obra (disponibilidade de pessoal), com a fazenda Itaúna .

Enquanto aguardava-se a aprovação do projeto junto ao DAEE, a Telefônica, com aprovação em Assembléia, se propôs a título de colaboração,  executar os serviços de instalações elétricas na ampliação do Hospital que estava em fase de construção. Sem prejuízo dos seus objetivos, ainda, executou as instalações da primeira torre de retransmissão de sinais de televisão para Descalvado, próximo a fazenda Descalvado.                                                                                                  Faziam parte do quadro de funcionários nesta época, os seguintes:

- Senhoras Carmem L.C.Bianchi, Florinda Zerbetto .De Marco, Tarcilia H. Bergantim, Zilda T. Freitas, Maria Lygia Casati, Maria Ap. C. Rodrigues e os senhores João Carnielli (que aposentou-se logo após), Orivaldo I. Medeiros e Diógenes G. Medeiros.  Para completar a força de trabalho, como o caso das repetidoras de TV, escadas do Salto do Pântano,  através de contribuições popular, eram contratados como reforço, Alvimar I. Medeiros e José Rissato.

Aprovado o projeto pelo DAEE. iniciou-se a reconstrução do circuito interurbano e como os trabalhos demandavam a colocação de postes e fios num percurso de aproximadamente 20 quilômetros, foram contratados ainda, além dos elementos acima, o Senhores Silvio Giacomelli, Alfredo Giacomelli e os serviços tiveram duração  em torno de 60 dias.

Já estávamos no mês de abril de 1967, quando as linhas em número de 4 estavam em condições de funcionar e somente uma estava em operação por problemas burocráticos, da recém criada Telesp,  sucessora da CTB; situação que permaneceu até outubro de 1967.

Apenas um telefonema da Superintendência de Campinas foi suficiente para resolver o problema e a Telefônica que até então vinha sofrendo com as dificuldades dos serviços interurbanos, passou a dispor de 1 canal  exclusivo com a Telefônica de Pirassununga e 3 outros com a Telesp, sendo que 2 deles  para fazer ligações de Descalvado para outras cidades e 1 para recebê-las. Descalvado já estava deixando as dificuldades de telecomunicações entrando nos tempos em que não era mais necessário se deslocar para se fazer uma ligação e sim,  o posto telefônico atendia grande número de pessoas que vinham das cidades vizinhas  se utilizarem dos serviços; convém colocar que a telefonista fazia ligações imediatamente após a solicitação, pois o sistema estava integrado ao DDT (Discagem a Distância pela Telefonista).

Em abril, por assembléia os Conselhos foram reeleitos sem alterações.

A Telefônica atingiu estágios invejados por outras Telefônicas chegando mesmo a dar consultoria à Câmara Municipal de São Carlos  e a pretensão da compra da Telefônica Municipal de Porto Ferreira, o que não aconteceu por desaprovação daquela Câmara Municipal.

A rotina já era uma constante até que  devidamente autorizada, executou ainda,  as instalações elétricas do Lar Educacional de Descalvado, do Centro Comunitário que recebeu o nome de Alberto Sundfeld, a construção das escadas e mirante do Salto do Pântano e em abril de 1968, iniciou-se uma nova campanha de vendas de 150 novos telefones ficando em disponibilidade 45; nesta expansão foram atendidos serviços de utilidade pública que por determinação da portaria 18/66 do Dentel que as empresas telefônicas em suas expansões deveriam cobrar do promitente assinante residencial 1,1  e do comercial 1,2 do valor do contrato a título de que 0,1 e 0,2 seriam para pagar o atendimento das repartições públicas federal, estadual, municipal, autarquias e entidades filantrópicas quando não dispunham de telefone; nesta ocasião, foi instalado sem ônus, o telefone do Lar Educacional de Descalvado, que era o único que não tinha e estava em condições de ser beneficiado.

Pela Assembléia Geral Ordinária, de 30 de abril  de 1968,  foram reeleitos os diretores Presidente,  Superintendente e o Senhor Antônio Paulo Pivesso, até então na condição de contador da Telefônica, foi eleito para o cargo de Diretor Tesoureiro e estes fariam jus a honorários.  No quadro dos Conselheiros foi eleito o Senhor Antônio Luiz Bispo para o cargo de um dos membros que se demitiu por motivos de mudança da cidade.

A Telefônica cumpria seu papel de Empresa formada por capital unicamente local gozava de credibilidade mas já não podia crescer em número de linhas telefônicas uma vez que a Telebras fora criada para incorporar todas as Teles.  Assim, permaneceu com o total de 500 telefones e quatro circuitos interurbanos que mantinha-os sem nenhuma reclamação dos usuários, como exemplo pode-se citar o caso de uma ligação interurbana debitada duvidosa ou indevidamente na conta de um assinante, era no ato da reclamação devolvida, as vezes mesmo antes do pagamento nos bancos.

Em abril de cada ano e a cada dois anos eram realizadas  eleições para os cargos executivos e conselheiros, até que no dia 02 de novembro de 1971, por falecimento do Senhor Alberto Sundfeld, a Telefônica e Descalvado em geral, ficou sem este beneficente .

Por força do estatuto foi convocada Assembléia Geral Extraordinária e a nova Diretoria ficou assim constituída:

Presidente:  Senhor José Serpentino

Diretor Superintendente:  Senhor José Antônio Todescan Gabrielli

Diretor Tesoureiro: Senhor Antônio Paulo Pivesso               

Embora com o sentimento da falta, a Telefônica continuou fiel a seus objetivos, ampliou o prédio para dar melhores condições aos acionistas, usuários e funcionários, pautando pelo não exagero, com a rotatividade de pessoal, contratou Senhores José A. Heidorn, José Assoni, Sebastião D. Tenelli, Aparecida L.Monzani, Antônio D.Ruy e outros que tiveram rápida passagem pelo quadro de funcionários, transformando-os em técnicos, com os  mais experientes.

Três anos foram passados, com pressões e até mesmo boicotes eram percebidos, até que pela Assembléia Geral Ordinária de abril de 1975, a Diretoria foi autorizada  estreitar entendimentos com a Telesp, voltada para a incorporação.

Neste mês ainda, em audiência marcada com o vice-presidente da Telesp, na época o Eng. Carlos P.Lopes, no gabinete deste, reuniram-se o Senhor José Ralio (assessor), José Serpentino  e Diógenes G. Medeiros, (respectivamente Presidente e Gerente da Telefônica Descalvado S/A). Na oportunidade, ficou acertado que a Telesp, em forma de subscrição no Capital Social da Telefônica, mandaria para Descalvado, um  container abrigando uma central telefônica transportável de mil linhas e esta seria a décima de uma série que estavam encomendadas à NEC (NC100 modelo do fabricante). Descalvado então passaria de 500 para 1.000 telefones, atendendo uma demanda reprimida de aproximadamente 300 e ficando ainda com uma reserva de 200 .

Por informações oficiosas ficou sabido que a Telesp pagava armazenamento da primeira da série, ao fabricante; novo contato foi feito com o vice-presidente e o acordado foi que a  Telefônica prepararia uma base de concreto e após vistoria, seria enviado o equipamento (inédito no Brasil) . A chegada seria o início da contagem regressiva  e dentro de 30 dias a desativação do B-64 e a ativação da NC-100 teria de acontecer.

Cumprida por parte da Telesp, em 29 de maio de 1.975, pudemos presenciar  (e fotografar) este trecho da história que foi a chegada do caminhão com o container;  a partir de então, esforços foram desabalados para o cumprimento da outra parte. Muitas pessoas tiveram participação ativa na realização dos fatos. Para que alguém não permaneça no anonimato, aqui será tratado de equipes a reunião dos participantes com destaques ... às da Telefônica, da Telesp (Regiões de São Paulo, Campinas e Araraquara) e dos descalvadenses que souberam entender os transtornos causados no período das mudanças nos sistemas.

Ainda fiel aos compromissos, no dia 29 de junho de 1.975, (dia das telefonistas) a Telefônica venceu mais esta etapa de sua história no trigésimo dia do acordo, colocou em funcionamento a central de 1.000 novas linhas.  Pouco ou nada se falou sobre os serviços das ampliações dos cabos pelas ruas da cidade, porém, uma coisa não se completaria sem a outra e isto consiste de fatos por tratar-se de realizações e benfeitorias nos sistemas.

Uma nova etapa estava para vir que seria a integração do sistema local de telecomunicações aos serviços nacional de DDD e DDI, siglas mundialmente conhecidas e Descalvado mais uma vez estaria como pioneira na região, integrada ao sistema. Este evento, tinha data marcada,  que pelos  envolvimentos conseguentes, somente viriam ocorrer em março de 1976.

Estes últimos acontecimentos trariam a incorporação e o apagar do nome “TELEFÔNICA DESCALVADO S/A” passado por este instrumento como um marco da historia que deu certo.

Convocada a Assembléia Geral Extraordinária, no dia 20 de novembro de 1975, com prazo legal de 30 dias, a Assembléia aconteceu às 20,00 horas do dia 20 de dezembro de 1975, que determinou os acertos do quadro de funcionários, que por assim entenderem mais conveniente, foram  aposentados os senhores Orivaldo I. Medeiros,  José Assoni a Senhora Maria A. C. Rodrigues (demissionária);  procederam-se os acertos das transferência para o outro quadro, os funcionários Diógenes G.Medeiros, Carmem L.C.Bianchi, Maria L.P.Casati, Aparecida L.Monzani, Tharcilia H.Bergantim, José Heidorne, Antônio D.Ruy e  Sebastião D.M. Tinelli.

Ainda por determinação desta última Assembléia, ficou marcado que no dia 24 de Dezembro de 1975, a Telesp passaria  como sucessora da TELEFÔNICA DESCALVADO S/A.

 

SERVIÇO DE ALTO-FALANTES DE DESCALVADO (Pedro Gaspar)
 

            Lá pelos fins da década de 30, quando os grandes astros de nossa música popular faziam enorme sucesso - Francisco Alves, Orlando Silva, Nelson Gonçalves, Bob Nelson e outros - os alto falantes reproduziam festivamente suas vozes. E o público vibrava com a oportunidade de ouvir os grandes ídolos. Nesse tempo a direção do Serviço de Alto-falantes Descalvado era exercida pelos dinâmicos Mário Elias e Doracy Domingues. Posteriormente a empresa foi transferida para Achilles Tognetti, então funcionário da Companhia Paulista de Eletricidade. - técnico de renome, espírito jovem, entusiasmado. E o Serviço de Alto-falantes ganhou novo impulso. O sistema de som foi ainda melhorado. A discoteca ampliada, e constantemente recebia os novos lançamentos. Os locutores sentiam a necessidade de enfrentar com grande responsabilidade o (então) moderníssimo microfone a cristal Astatic modelo D-104, de grande sensibilidade. Doracy e Orlando Domingues eram os titulares da locução. Bem é preciso dizer que esses moços eram perfeitos profissionais. Aliás o mais moço, o Orlando, ao deixar suas funções no Serviço de Alto-falantes Descalvado, passou a integrar a equipe de locutores da Rádio Bandeirantes de São Paulo. E o fez por muitos anos, segundo informações do Senhor Eduardo Oswaldo Elias.  Ao terminar a década de 40 o Serviço de Alto-falantes Descalvado foi vendido a um cidadão também entusiasta de amplificação de som, grande apreciador de nossa música popular - Jovelino Augusto Braga. Conservando ainda o estúdio instalado em uma sala contígua ao Bar 4 Cantos, o Braga, como era conhecido, estendeu linhas de alto-falantes para a Praça Barão do Rio Branco e Avenida Guerino-Oswaldo, além da Praça Nossa Senhora do Belém. Organizou programas de calouros, conseguiu novos anunciantes. Foi uma nova fase de progresso e de entusiasmo. Até novo nome recebeu o Serviço de Alto-falantes: “Departamento de Publicidade de Descalvado”. Nessa época, vozes muito suaves e bonitas continuavam atuando ao microfone, Geraldo de Araújo Belli, Luiz Gonzaga Lício, Pedro Tessari, Mário Joaquim Filla, com insuperável zelo profissional, sempre estavam presentes ao estúdio de locução. E no disco quem fazia grande sucesso era um dos consagrados cantores da época: Orlando Silva com sua magnífica gravação: “Cortina de Veludo”. Mas a empresa foi outra vez vendida, Jovelino Braga com a experiência adquirida, fundaria anos mais tarde a Rádio Francisco Alves em Santa Rita do Passa Quatro.  Os novos proprietários - Vila & Galvão, restituíram-lhe o nome original: Serviço de Alto-falantes Descalvado. E logo em seguida novo proprietário - Maurílio Augusto Dresler. Passado alguns meses, Achilles Tognetti, adquire novamente o Serviço de Alto-falantes. Novo som. Nova vida. A alta qualidade da reprodução da música e da voz estava presente outra vez, testemunhando o carinho, o bom gosto e o domínio do Mestres Achilles, nessa área da eletrônica. E chegou dezembro de 1958. O sr. Pedro Gaspar adquiriu o “Serviço de Alto-falantes Descalvado”. Com o decidido apoio e incentivo aos anunciantes e de muitos amigos, conseguiu bons melhoramentos na atividade. Passou a utilizar além dos equipamentos convencionais, gravadores de som em fita magnética, muito raros na época. Tratamento acústico do estúdio de locução. Novos microfones,  dinâmicos, de alta fidelidade. Modernos amplificadores, toca-discos com modernas cápsulas magnéticas. Discos de alta qualidade com os grandes sucessos. No mercado fonográfico começou a ser introduzido o novo sistema de gravação em discos de 33 rotações por minuto, o “long-play” - microssulco. Essa nova conquista ajudou a melhorar a qualidade dos trabalhos. O apoio e o entusiasmo dos ouvintes e comerciantes da época proporcionavam constantemente a oportunidade para novos planos, que na medida do possível eram postos em prática. Chegou-se até a construir, nos altos do Jardim Belém, onde não havia interferência na faixa de rádio, duas amplas salas, na esquina da rua João XXIII com a Avenida Coronel Rafael Tobias, com um ponto de recepção de sinais de rádio, com alta qualidade, que eram conduzidos por linha telefônica até o estúdio. Esse trabalho permitiu entrar em cadeia, (conservando a alta qualidade do som) com emissoras de São Paulo, para retransmissão de grandes programas, especialmente futebol, durantes as copas mundiais. Outras transmissões de grande interesse para a coletividade, que se conseguiu realizar foram as homenagens que a Rádio Aparecida prestou a Descalvado, por ocasião do aniversário da cidade. Uma apresentação de inteiro agrado dos jovens da época, era o “Atendendo pelo 137”, programa que atendia pedidos musicais dos ouvintes pelo telefone (que era 137). E no próprio telefone do interessado era reproduzida a música solicitada. A verdade é que durante esses longos anos o “Serviço de Alto - Falantes Descalvado sempre teve como objetivo oferecer aos descalvadenses informação, entretenimento, alegria. E nessa longa jornada, os planos, as realizações, as alegrias constituíram valiosas experiências e incentivo para a implantação da Rádio Oito de Setembro. O Serviço de Alto-falantes de Descalvado, encerrou atividades em 31 de julho de 1980.

 

SERVIÇO DE ALTO-FALANTES ALVORADA
 

Funcionou na Praça Barão do Rio Branco (Jardim Velho) na Rua Paula Carvalho quase esquina com 15 de novembro nos anos de 1962 e 1963, de propriedade de Antonio de Oliveira (Nico Delermo) e outros sócios. Foram locutores Celso Elias, Luiz Carlindo Arruda Kastein e Gerson Joel De Marco dentre outros.

 

RÁDIO:

 

- Rádio Oito de Setembro - fundada por Pedro e Zélia Gaspar  em 8 de setembro de 1978, com estúdio na rua José Bonifácio, 765 e antena transmissora instalada às marges do Ribeirão Bonito ao lado da ponte da via dea acesso Antonio Benedito Paschoal.

Prefixo - ZYG 866 - 120 metros - 2450 Kh

A partir de 1996 passou a transmitir também em Freqüência Modulada – 98,7 Mh.

           

TEATRO

 

            Não temos a história completa do teatro em Descalvado. Sabe-se que durante o apogeu do café, muitas companhias teatrais de renome brindaram os descalvadenses com apresentações memoráveis. Mas sobre o teatro com gente nossa, o dado mais antigo que levantamos foi uma notícia publicada no jornal Folha de São Paulo no ano de 1954: “Graças aos esforços empreendidos pelo Sr. Mário Joaquim Filla, o amadorismo teatral atravessa uma fase promissora em Descalvado. A peça  O Segredo do Padre Jeremias, de Ferreira Netto, já foi ali apresentada com animador sucesso e, atualmente prestigiando decididamente, os originais nacionais, aquele conjunto interiorano, ensaia O Interventor, de Paulo Magalhães e Lampião de Raquel de Queiroz. Cerca de vinte figuras formam o Teatro Experimental do Trabalhador, tornando-o o maior conjunto cênico da região. O Teatro Experimental do Trabalhador edita o jornal O Palco, que é, por assim dizer, o primeiro jornal editado por um grêmio de amadores”. Integraram o Teatro Experimental do Trabalhador dentre outros atores: Daniel Otávio de Assis, Mário Nelson Jordão, Lúcia Gregório, Geraldo Trabasso, Ana Astir Assoni, José Belli, Edvaldo Gouveia, Sebastiana Rosa Vianna, Edna Marcomini, Conceição Mauro, Dulce Donda, Salete Filla, Moacir Macedo, Dirce Fioroni, Beto Moreira, Aparecida Teixeira, Manoel Custódio Filho, Lucia Gregório. Destaque também para Moacir Macedo como maquiador do grupo e Martinho Vieira Lício como ponto. Outro grupo que mereceu destaque foi o Teatro Amador Juvenil que apresentou peças como João Simplício, O Castelo Assombrado, Matei meu Filho, Trapézio Volante, Almas do Outro Mundo, Irene, Os Três Gostosões, Os Inimigos não mandam Flores e muitas outras nas quais participaram dentre outros jovens da década de 60: Celso Luiz Galetti, Luiz Antonio Serafim, Denilson Luiz Zóia, Deltemir Luiz Zóia, Luiz Carlindo Arruda Kastein, Gerson Joel De Marco, Sebastião Luiz Chiaretto, Humberto Carlos Perna, Waldemar Assoni, José Serpentino Júnior, José Carlos Tallarico Adorno, Valentim Deponti, Antonio Paulo Adorno Galetti, José Mário Factor, Maurilio Pazzoto, Maria Elisa de Falco, Maria Helena Lefcadito, Carmen Lúcia Pelosi, Maria Amália Migliatti, Neusa Assoni.


DESTAQUES NO TEATRO DESCALVADENSE:
 

Gerson Álfio De Marco: Escritor, entre suas obras, as peças Conto Descalvado e História da Salvação.

Mário Joaquim Filla foi grande amante das artes, fundou em Descalvado, o Teatro Experimental do Trabalhador, do qual foi incentivador, dirigindo peças e trabalhando como ator. Consagrou-se na interpretação da peça “A Raposa e as Uvas”. Dirigiu e encenou outras peças como O que é o mundo, Dona Xepa e Alma Sertaneja.

Luiz Gonzaga Lício: Advogado por profissão e ator como paixão, Luiz Lício é carinhosamente chamado em Descalvado, sua cidade natal, como “ator de uma única peça”: As mãos de Eurídice,  monólogo em dois atos de Pedro Bloch, por tê-la interpretado inicialmente aos trinta anos, encenando-a com o mesmo talento vinte anos após. E despertando as mesmas emoções nas platéias de gerações tão diferentes. Mesmo fazendo um teatro tradicional atualizou a montagem introduzindo elementos como: a comunicação com o público, a interpretação além palco, a licença poética e improvização do texto, apenas contando com sua própria direção. Além de Descalvado onde apresentou-se diversas vezes, fez sucesso também em cidades como Barretos, Mococa, São João da Boa Vista, Casa Branca, Leme, Santa Rita do Passa Quatro, Dois Córregos, Santa Rosa do Viterbo, Guaranésia, Porto Ferreira, Santo Antonio da Alegria, Ribeirão Preto.

 

TELEVISÃO: (Luiz Carlindo Arruda Kastein)

 

- 1958 - recepção dos primeiros sinais de TV;

- 1959 - TV Tupi inaugura retransmissor em Analândia melhorando os sinais;

- 1963 - Sr. Domingos Gentil instala um transmissor da TV Tupi em Descalvado;

- 1968 - criado o Serviço Municipal de Televisão pela Lei municipal 77/68;

- 1969 - instalação dos transmissores no Morro Descalvado (Monte Sinai);

- 30/07/1981 - inauguração da cabine no bairro de Santa Cruz.

Foram fundadores do Serviço Municipal de Televisão os senhores Alberto Sundfeld, Roberto Augusto Teixeira Coelho, Orivaldo Ivo de Medeiros, Tomás Vita e Antônio de Oliveira (Nico Delermo), dentre outros.

A partir de 1970 passou a ocupar a Presidência do Serviço Municipal de Televisão Luiz Carlindo Arruda Kastein, contando com a direção técnica de Antônio de Oliveira (Nico Delermo) e a colaboração de Benedito Sebastião Chiaretto e Gelson Ruiz.

 

CONTANDO A TELEVISÃO (Luiz Carlindo Arruda Kastein)

           

            Esta é a história da caixinha mágica que de repente chegou a Descalvado e mudou a vida de todo mundo. Era a televisão que chegaria em 1959, nove anos depois da inauguração da TV Tupi, inicialmente Canal 3, depois Canal 4 de São Paulo. O pioneiro foi nosso amigo Domingos Gentil, popular “Mingo”, um entusiasta, que contando com o apoio e conhecimento técnico de Antônio de Oliveira (Nico Delermo), na época seu funcionário da “Exposição Gentil”, revolucionaram a cidade com os primeiros sinais do “Indiozinho da Tupi”. Mas antes vamos contar a história dos primeiros receptores de televisão na cidade. Quem nos narra é Nico, que muito antes de fazer reparos em aparelhos de tv, orgulha-se de ter consertado aparelhos de rádio históricos como um Philips modelo 1934 de propriedade da Casa Dois Mil Réis, um RCA 1936 do Bar Quatro Cantos e um modelo PIE de propriedade da família Diniz Francisco. Segundo ele o primeiro aparelho de televisão foi um Zenith de 21 polegadas com controle remoto, trazido dos Estados Unidos por Glenan Leite Dias Filho que o instalou em sua Fazenda Ibicoara. Mas nunca se soube se pegou algum sinal. Por volta do mês de maio de 1958 o descalvadense João Galhardo que residia na capital, resolveu voltar para sua terra natal, vindo a residir na rua Bezerra Paes, altura do número 750. Em sua bagagem uma TV RCA Victor, fabricação americana de 21 polegadas. Ergueu ao lado de sua casa uma antena pé de galinha na ponta de um poste de eucalipto de 20 metros, com a qual pegava esporadicamente os sinais da TV Tupi Canal 4 de São Paulo. Foi através dele que Nico começou a se entrosar com televisão. Domingos Gentil que possuía uma loja de eletrônicos na rua Barão do Descalvado, 329 também se interessava e,  juntamente com Nico, que começava a trabalhar em sua loja como técnico, trouxeram o primeiro aparelho para revenda. Foi um aparelho HOTPOINT, marca registrada da Mesbla fabricada pela GE - General Eletric do Brasil, instalada no escritório da Fábrica de Tecidos de Domingos Gentil, na rua Dr. Anastácio Viana, altura do número 1200. A recepção também em poste de eucalipto de 20 metros, agora com antena pé de galinha dupla, o que reforçava um pouco a recepção de sinais, mesmo assim precários. O aparelho foi vendido para Natalin Zanonem proprietário do bar localizado na esquina das ruas Cel. Arthur Whitaker com  Paula Carvalho, onde foi colocada uma antena pé de galinha fixa em três barras de cano totalizando 18 metros acima do telhado do bar. Em janeiro de 1959, Mingo trouxe outro aparelho de televisão de marca BECKSON de 21 polegadas, fabricado pela Invictus vendida para o senhor Manoel Gaia. Depois foi uma STROMBERG CARLSON vendida para Paulo Casati. Logo depois Carlindo Boller Kastein e César Martinelli  adquiriram aparelhos da marca PHILLIPS da Loja Casa Blanca de Rio Claro. Em fevereiro de 1959 Nico e Mingo receberam a visita  do técnico da TV Tupi chamado Arnot e seu motorista João que informaram que havia sido ligado retransmissor na cidade de Analândia, funcionando no canal 9. Explicou Arnot que o sinal partia de São Paulo, passava pelo Morro do Japi em Jundiaí, seguia para o Morro Azul em Limeira e dali para Analândia, posteriormente atingindo Santa Rita do Passa Quatro e Ribeirão Preto. A recepção passaria a ser feito com antena tipo dipolo dobrado na vertical (apelidada em Descalvado de “rastelinho”). A captação da imagem e do som era intermitente e deixava muito a desejar, mas era suficiente para despertar a atenção de toda a população descalvadense. Agora quem conta é Mingo: “meu escritório vivia literalmente lotado de pessoas curiosas em conhecer a novidade. Por essa época minha loja de Eletro domésticos passou a vender os primeiros televisores em preto e branco, (claro que nem se sonhava com a televisão colorida) das primeiras marcas: Colorado, Philco, Phillips, General Eletric, Empire e Semp. Em 1959 inaugurou-se  a torre de Analândia, mandando os sinais para a torre no Morro do Siroca (alusão ao proprietário das terras onde se localiza o Morro) em Santa Rita do Passa Quatro e eu com insistência e garra, consegui com o supervisor da transmissão para o interior, Sr. Humberto Buri, uma variante de antena, dirigida para Descalvado em VHF. (Nico contesta esta versão informando que o entrosamento entre Mingo e o Engenheiro Buri que era Diretor Técnico das “Emissoras Associadas” realmente aconteceu, mas a respeito da antena variante para Descalvado, a mesma não foi concretizada uma vez que a quantia pedida era muito alta e Mingo não conseguiu arrecadar. Nico prossegue contando que entre os anos de 1994 e 1995 esteve várias vezes com o técnico da TV Record, seu amigo Aparicio Carlos Romeiro, no Morro Itatiaia e não Siroca como afirma Mingo, em Santa Rita do Passa Quatro onde estão instaladas todas as redes de televisão e o Adão que desde criança viveu naquele local, o levou no antigo posto da extinta TV Tupi, hoje em abandono e que fica aproximadamente há 300 metros dos postos das demais emissoras. Pode ver que o posto ainda estava com os geradores de força nos seus respectivos lugares, com também a torre, cabos e antenas, inclusive de micro ondas. Embora tudo abandonado podia-se observar que permaneciam do mesmo jeito que estavam no ano de 1965, ou seja com antenas voltadas para Casa Branca, Pirassununga, Araraquara e Ribeirão Preto. Do ponto de vista de quem fica em pé na base da torre e olha para Descalvado, pode-se notar que a antena da esquerda estava a 65º e a antena da direita estava a 35º, região em que o sinal é quase nulo, razão pela qual o sinal do Canal 12 nunca foi perfeito em Descalvado. Para fins de registro informa ainda que o Adão, aqui relatado, é filho do Sr. Armando Borgo que foi o operador da TV Tupi desde sua inauguração e até o seu falecimento. Seus filhos o sucederam no posto e estão até esta data trabalhando nos outros canais, enfim a família toda continua naquele morro. Após sua conversa com o Adão acabou descobrindo que vários aparelhos do posto abandonado estavam num ferro velho em Santa Rita do Passa Quatro, onde acabou por adquirir vários componentes que ainda estavam em condições de uso. Infelizmente o aparelho do canal 12 não tinha mais condições de ser aproveitado, pois o mesmo estava jogado no tempo. Diante da situação em que encontrou a torre, com as antenas nos seus respectivos lugares, fica a prova que o Sr. Buri nunca atendeu o pedido do Sr. Gentil. Na época ficou a promessa do Sr. Buri de que iria resolver o problema para Descalvado através do canal 12, mas como meses depois ainda nada tinha sido feito, Nico foi procurado pelo Sr. Salvador Trabasso e com a autorização de Mingo, pois na época era seu funcionário na Exposição Gentil, foi diversas vezes a Santa Rita do Passa Quatro com Salvador onde em conversa com o zelador Sr. Armando Borgo obtiveram a indicação para que procurassem o engenheiro austríaco Sr. Fran Cetina em Campinas no Castelo. Com este engenheiro obteve muitas informações a respeito de antenas e transmissores de televisão. Depois que o engenheiro ouviu o relato a respeito do canal 12 com relação a Descalvado, este informou que não tinha mais condições de sobrecarregar aquele aparelho com uma nova antena para Descalvado, pois para isto precisaria trocar todo o complexo eletrônico). Prossegue Mingo:  Em minha oficina cujo técnico era o Sr. Nico Delermo, fabricamos um aparelho receptor e transmissor e o instalamos na tecelagem, no alto do Jardim Belém quando Descalvado começou a receber imagem e som com toda técnica, sob a perícia do Nico. Ressalto que todas as despesas desde o início da primeira transmissão de imagem e som na TV, inclusive fabricação do aparelho receptor e transmissor, custeio de manutenção e outros inúmeros encargos foram custeados somente por mim, sem ajuda dos Poderes Públicos ou qualquer Associação. Somente em 1968 seria fundado o Clube de Televisão de Descalvado, para o qual doei meu aparelho e cedi meu técnico, o Nico. Convém lembrar que o aparelho que doei para o Clube de Televisão funcionou durante muitos anos ainda, mesmo quando o acervo passou para a Prefeitura, com os sinais, inicialmente da Bandeirantes e depois da TV Paulista. Quando este canal se transformou na Globo, meu transmissor passou a ser usado na TV Cultura, sendo desativado somente por volta de 1982, quando todos o sinais passaram a operar em UHF. Assim nasceu a recepção de televisão em Descalvado. O que aqui relato pretende ser uma modesta contribuição a este aspecto da nossa história, que deve ser registrado para que não se perca no correr do tempo. Hoje temos um serviço de televisão invejável, que não é preciso descrever, porque a população pode constatá-lo diariamente, e as melhorias continuam, graças ao trabalho do Serviço Municipal de Televisão e dos que dele cuidam com carinho e dedicação. Mas tudo isto teve um começo. Começo difícil e de muita luta, que tenho orgulho em poder atribuir à minha iniciativa.”  Mas a história da TV em Descalvado não para aí. Em 1968 constituí-se o Clube de Televisão e a meta agora seria construir a estação retransmissora no alto do Morro Descalvado que também é conhecido como Monte Sinai, na Serra Descalvado, com a contribuição espontânea dos proprietários de televisores. Registrando-se aqui também os agradecimentos aos herdeiros de Segismundo Chaves dos Santos (Dudu Bahiano), que gentilmente cederam áreas de terra no Monte Sinai, localizado em sua propriedade, a Fazenda Fortaleza. Nico conta que a necessidade do Clube de Televisão surgiu quando o Engenheiro Cetina de Campinas informou que não tinha como direcionar uma antena para Descalvado. Era necessário buscar uma outra solução. Foi aí que Nico, Salvador Trabasso, Ariovaldo Andrade Jardim, Tomás Vita, Modesto da Nestlé e outros com a participação do Sr. Sebastião Franzim que na época era dono da Fazenda São Guilherme e que com seu jipe por diversas vezes os levou até o alto do Morro Descalvado, mesmo antes que aquele local tivesse acesso por estrada. Iniciaram-se assim os testes naquele morro. Nico lembra que estes testes antecederam o Clube de Televisão, mas tudo feito com muito entusiasmo. Lembra ainda que o primeiro teste foi feito no Morro de Santa Maria, quando o senhor Architeclineo Pozzi, proprietário da fazenda do mesmo nome, com seu trator e carreta os levou ao topo do morro. Os sinais de Santa Rita do Passa Quatro não cobriam Descalvado, e o posto de Analândia só funcionava como link de micro ondas. Nico em conversa com Mingo disse que tinha feito um aparelho repetidor de televisão com componentes usados de rádios velhos e válvulas de televisão (sucatas) e estava funcionando muito bem. Foi sem perda de tempo que o Sr. Gentil mandou que se instalasse o mesmo em sua tecelagem, cobrindo muito bem a cidade toda. Foi a partir da experiência de Nico e do sucesso com o primeiro transmissor que Mingo pediu a ele que fizesse um aparelho mais potente e mais sofisticado, cobrindo o custo com os materiais utilizados. Nico contesta também o relato de Mingo de que quando foi constituído o Clube de Televisão o mesmo cedeu o técnico, uma vez que somente em 1968 seria fundado o Clube, e em julho de 1967 já estava desligado de sua empresa e trabalhando por conta como técnico em eletrônica. Foi somente depois que já estava em funcionamento o transmissor da TV Record do Clube de Televisão que o Sr. Gentil doou seu aparelho e vendeu a TV Hotpoint de 17 polegadas e 50 metros de cabo coaxial para o Clube, em abril de 1969. Nico prossegue dizendo que formado o Clube de Televisão pelos rotarianos em fins de 1967, composta sua diretoria, todos começaram a trabalhar para arrecadação da importância para se fazer o empreendimento e já no início de 1968 o Clube teve um contratempo que quase o impediu de sobreviver e que na época não foi divulgado à população. Após a saída de Nico da Exposição Gentil em julho de 1967, o Sr. Mingo aliou-se com seu inimigo comercial Sr. Vasques, quando ambos levantaram a polêmica de que o Nico como técnico não teria condições de fazer com que os sinais do Morro Descalvado chegassem até a cidade. A intenção dos dois era afastá-lo do comando técnico para que assumissem a responsabilidade pela assessoria ao Clube de Televisão. Na época foi procurado pelo Sr. Roberto Augusto Teixeira Coelho que pediu ao Nico que provasse que o sinal chegaria até a cidade. Lembra que naquela época ficou bastante constrangido pois não tinha como fazer a demonstração a menos que o Sr. Gentil cedesse todo o equipamento para o teste. Foi quando procurou o Sr. Alberto Sundfeld e disse a ele que pedisse emprestado o equipamento do Sr. Gentil. O mesmo cedeu mas tudo teria que ser conduzido em sua caminhonete dirigida por seu motorista. Foi então até o Morro da Fazenda São Guilherme, pois até lá havia estrada. Instalou os equipamentos e ficou transmitindo sinais das 17,00 até as 23,00 horas. Durante todo o tempo ficou rodeado pelos familiares do Sr. Gonçalo Pereira que estavam presentes. No dia seguinte foi a Relojoaria Rubi onde encontrou o Sr. Alberto Sundfeld todo sorridente pois havia passado no teste. Lembra que quando saia da Rubi encontrou o Sr. Vasques que exibiu um esquema de TX de TV que ele e o Sr. Gentil haviam conseguido em Jau ou Bauru foi quando respondeu ao “espanhol” que ele não precisava disso porque era só copiar o TX que estava em poder deles, uma vez que ele não precisa de esquema, pois o mesmo estava gravado em sua cabeça. Ainda assim não se deram por vencidos, pois colocaram uma torre de uns trinta metros de altura, mais ou menos, em um terreno do Cerantola, só que nada funcionou. O aparelho foi vistoriado pelo espanhol que constatou que o mesmo estava descalibrado. Daí o Senhor Gentil exigiu junto ao Sr. Roberto Coelho que Nico fizesse o transmissor funcionar.  A pedido deste foi com o Sr. Mário Stoppa até o local a noite e recalibrou o aparelho, menos a saída para a antena. A televisão ali junto ao aparelho funcionou conforme atestou o Sr. Mario Stoppa, porém como não estava saindo na antena, não chegava nada na cidade. Daí em diante desistiram e acabaram doando o aparelho para o Clube. Lembra que o aparelho doado pelo Sr. Gentil foi feito para receber o canal 13 – TV Bandeirantes diretamente de São Paulo e retransmitia no canal 5. Aparelho este que funcionou até que Nico, Luiz Carlindo e Benedito Chiaretto resolveram passar a Bandeirantes para UHF, ficando o mesmo para a TV Cultura. Quem nos conta a história agora é Roberto Augusto Teixeira Coelho (R.A.T. Coelho) em notícia que publicou no jornal “O Comércio”: “A notícia hoje é bastante alvissareira: Já foram iniciados os trabalhos no Monte Sinai. O material de construção já foi transportado pela Prefeitura. Por gentileza do Sr. Anselmo Cassamasso, estão sendo conduzidos os pedreiros que edificarão os abrigos para o transformador e repetidores. Esta será a etapa mais difícil da obra, pois carregar para o topo do morro: areia, cal, tijolos, cimento e até mesmo água, não será tarefa fácil. Porém com empenho e dedicação tudo será feito.” Finalmente em junho de 1969 ficou pronta a estação retransmissora do Monte Sinai, a notícia da inauguração foi assim relatada por R.A.T. Coelho: “Sábado passado foi dia que para nós começou cheio de apreensão e incerteza, para depois, tornar-se dia de imensa alegria. Por volta de meio dia embarcamos na perua da Cia. Telefônica, juntamente com o Alberto Sundfeld, Ivo Medeiros e Orivaldo Ivo de Medeiros. Íamos para um teste decisivo na nossa torre de TV, levando almoço para o José Assoni, Diógenes Medeiros,  Nico Delermo e um trabalhador que desde cedo lá estavam ultimando preparativos. Durante o caminho, as dúvidas tomavam conta de nós. Esse trabalho tremendo que temos desenvolvido seria bem sucedido? Corresponderíamos a confiança que os contribuintes depositaram em nós? Teríamos falhado em alguma coisa? O que seria de nós na língua dos tradicionais “coveiros”? Depois de percorrer durante uma hora através daqueles caminhos tortuosos e esburacados, a heróica kombi conseguiu chegar ao topo do Monte Sinai. Foi com ansiedade e expectativa indescritíveis que autorizamos o Nico a ligar o aparelho. O suspense era tremendo. Todas aquelas dúvidas voltaram às nossas mentes. Ligado o aparelho, a imagem do canal 7 (Record), apareceu nítida no televisor do nosso equipamento. Foi um momento de alegria, porém, não total. Restava saber se essa imagem estava chegando perfeita a Descalvado. Para cá retornaram o nosso técnico, juntamente com o Vadinho, mais uma vez castigando a pobre perua. Nossas dúvidas ainda persistiam, porém, agora em menor intensidade. A tranqüilidade somente seria obtida com a volta dos dois e com  a informação que trariam. Foram outras três horas de suspense. Finalmente despontou lá adiante a viatura da Telefônica. Fomos todos ao seu encontro, ansiosos que estávamos pela notícia que trazia. E foi aquela pela qual torcíamos. A imagem do SETE estava chegando com perfeição absoluta em nossa cidade. Diversas casas haviam sido visitadas. Em todas elas a imagem que retransmitíamos do morro “estufava” os televisores.  A alegria se apossou de todos nós. Quase pulávamos de alegria. Tínhamos vencido. Era a colimação do trabalho exaustivo dos nossos companheiros. Havíamos conseguido com minguadíssimos recursos, realizar uma obra extraordinária. Encerrando esta nota, quero lembrar a pessoa do Sr. Alberto Sundfeld, que com o seu reconhecido dinamismo e competência foi elemento utilíssimo. Preciso também, antecipar os nossos elogios à notabilíssima turma da Telefônica Descalvado, comandada pelo formidável Diógenes Ivo Medeiros. Sem eles nada teríamos conseguido”. O Clube de Televisão colocaria no ar ainda os sinais da TV Bandeirantes - canal 13, no transmissor doado pelo Sr. Domingos Gentil. Em 20 de janeiro de 1970, era extinto o Clube de Televisão de Descalvado, e o acervo total foi transferido por seus diretores: Roberto Augusto Teixeira Coelho, Alberto Sundfeld e Tomás Vita, para o então Prefeito Municipal Deolindo Zaffalon. Constituído o Serviço Municipal de Televisão, os cargos foram ocupados por Luiz Carlindo Arruda Kastein, Benedito Sebastião Chiaretto e Antonio de Oliveira. Para a Copa do Mundo foi ao ar mais um canal: a TV Excelsior - Canal 9. Depois foi a vez da TV Paulista - Canal 5. Nico lembra que até 1970 nem no alto do morro chegava o sinal da TV Paulista. O que chegava era o canal 29 com sinal codificado, ou seja vídeo em Fm e áudio acima do canal 13. Esses sinais eram decodificados somente nas cidades de interesse do engenheiro Anatolli. No ano de 1970 nasce o COINTE – Consórcio Intermunicipal de Televisão com sede em Serra Negra e que colocou no ar para toda a região os sinais da TV Globo, bem como todos os demais canais que chegavam até Santa Rita do Passa Quatro. Em junho de 1970 com a realização da Copa do Mundo no México, em que o Brasil iria se sagrar Tri-campeão Mundial de Futebol, eram poucas as cidades do interior que recebiam sinais de TV. Descalvado exportou imagens para a região. Lembra Nico que logo depois em 1971 mudou para São Carlos e nesse ano conseguiu o aparelho da Globo que passou a funcionar no canal 9, aparelho feito com componentes adquiridos por ele, sem qualquer despesa para a Prefeitura. Neste mesmo ano a Prefeitura associou-se ao COINTE. Em março de 1972 foi feito o primeiro retransmissor em UHF com os sinais da Globo no canal 25. Em seguida foi a vez da Tupi no canal 48. Em 1972 o início das transmissões a cores com o Presidente Geisel inaugurando as transmissões em Porto Alegre, Rio Grande do Sul com a Festa das Flores. Logo depois todo o país passaria a receber imagem a cores, inclusive Descalvado que dava mais um grande passo, transmitindo para a região a Mini Copa em cores. Os primeiros sinais a cores captados em Descalvado foram da TV Bandeirantes. O primeiro receptor a cores da cidade foi um Philco de 26 polegadas de propriedade de Nilson Dituri. O segundo, também um Philco de 26 polegadas foi instalado pela Loja Bernasconi de São Carlos no recinto da Festa da Avicultura. O terceiro aparelho foi um Philips de 26 polegadas de propriedade de Raul Pinto Martinelli. Em 1976 a cabine de transmissão seria mudada para o reservatório d’água do Cerantola e em 1982 para o alto da Santa Cruz, operando agora todos os sinais em UHF. Em 1986 mais um fato inédito: Seríamos os pioneiros a gerar sinais próprios de televisão, com uma mini estação no Canal 38, que cobria eventos da cidade, inclusive a campanha do CERD, quando foi campeão estadual da 3ª divisão de futebol. Em 1990 a nova Comissão de Televisão: Luiz Carlindo Arruda Kastein, Gelson Ruiz Antonio de Oliveira e Benedito Sebastião Chiaretto, dariam início à recepção dos sinais via satélite. A título de curiosidade registramos que a primeira antena parabólica instalada em residência na cidade foi do Sr. José Carlos Calza, no ano de 1990. Uma antena Santa Rita de 5,5 metros de diâmetro com rastreador permitindo a recepção tantos dos canais nacionais como internacionais. Em abril de 1993 começaram a ser captados em residência os sinais via satélite da Globosat, em abril de 1995 foi a vez da TVA Digisat, e em outubro de 1996 seriam instaladas as primeiras mini antenas parabólicas com 0,60 cm de diâmetro, Banda KU com os sinais da DirecTv do grupo da TVA e logo depois a Sky Tv do grupo GloboSat.   Hoje Descalvado se orgulha em transmitir para seus munícipes nada menos que 10 canais de televisão e quem sabe num futuro bem próximo, já estaremos também com a TV a cabo. Será que nossos antecedentes imaginariam que a TV chegaria tão longe, partindo do primeiro televisor preto e branco de tela arredondada que sintonizava no ano de 1959 a extinta TV Tupi de São Paulo em ruidosos sinais de VHF? Quem naquela época não excomungava aqueles carrinhos DKV, que costumavam ficar acelerando nas ruas, provocando barras na tela e ruídos no som, justo na hora do Direito de Nascer que ia ao ar às 7 hs, ou então, exatamente naquela horinha que o  Repórter Tico Tico, tiraria do bolso do colete a notícia mais importante da noite, um pouco antes de ir ao ar o famoso REPÓRTER ESSO? A mesma telinha que chamava a criançada para a sala com o PIM PAM PUM da Estrela, e as levava para dormir com o comercial “tá na hora de dormir/ não espere mamãe mandar/ um bom sono prá você/ e um alegre despertar”, dos Cobertores Parayba. Telinhas arredondadas, que hoje viraram telões em cores, via satélite. É o milagre da tecnologia que “Mingo e Nico”, num passado distante, trouxeram para nossa Descalvado.


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