FESTAS

 (FRANCISCO B. LÍCIO escreveu sobre as festas dos anos 20 e 30  no Jornal “O Comércio” em 1970)

            Afora o cinema, e um ou outro circo de cavalinhos, que por aqui portava, três o quatro por ano, as únicas diversões que rompiam a mesmice de todos os dias, daqueles dias tranqüilos e monótonos, eram as festas religiosas, precedidas de quermesses, que se estendiam geralmente por oito a dez dias. Havia as famosas e tradicionais que o povo aguardava com ansiedade: a de São Sebastião, a do Divino, a da Padroeira... A primeira, a de São Sebastião realizava-se no bairro do mesmo nome, no morro, culminando no dia do patrono, a 20 de janeiro. Diariamente havia reza na capela, leilão de prendas e jogos: e a mocidade acorria em massa, pois a ocasião era azada para os namoros, nas intermináveis voltas que se davam em torno do rancho do leilão. Leiloavam-se de preferência frangos assados e bandejas com três ou quatros copos de chopp. O leiloeiro – quem não se lembra dele, do Chiquinho Rodrigues – mito que sabia acirrar os ânimos dos licitantes, quase sempre os mesmos: “Quanto me dão para fulano não beber este chopp”, ao que o mencionado no pregão, ferido em seus brios, fazia um sinal ao leiloeiro, aumentando o lance, que era então apregoados: “Por dois mil reis Fulana vai beber este chopp”. E por aí além, havendo disputas veementes em que se fazia questão de afirmar a potencialidade financeira... No dia 20 de janeiro a festa durava o dia todo, e a cidade parava suas atividades para assisti-la. Todos subiam o morro, para a missa matinal. Ao leilão de gado aos jogos, aos leilões vários. Para a rapaziada havia o Correio elegante, uma correspondência amorosa que se fazia em cartões previamente adquiridos de “gentis senhoritas de nossa cidade” segundo os programas. As quais, gentis senhoritas, também se incumbiam de entrega-los aos destinatários, guardando segredo quanto ao remetente, mas não muito. No transcorrer da quermesse de 1922, instalou-se ao ar livre, na parte fronteira à capela, uma tela para projeção cinematográfica; e numa noite, durante os festejos, foi projetada uma fita sacra, narrando as agruras da vida do mártir, patrono do bairro e da capela. Dias após, precisamente na noite em que se efetuava o velório do Velho Ravasi, ocorreu ligeiro tremor na terra, que deu resultado a aluição da velha capela de São Sebastião, e nisso viram as almas ingêuas um castigo dos céus, pela profanação, pois todo o mundo sabia que o cinema era coisa do próprio diabo.           A quermesse do Divino, em maio, realizava-se na parte fronteira à Matriz, e obedecia aos mesmos moldes da de São Sebastião, com rezas, leilões, correio elegante, etc. Por ocasião de seu encerramento uma procissão solene percorria, pela manhã, as principais ruas, escoltando o Imperador do Divino, sua Imperatriz, as Damas de Honra, Capitães de Mastro, festeiros, “tutti quanti”. Ao seu término iam plantar, em frente à Igreja, o novo mastro do Divino que permaneceria aos ventos até o próximo ano. A quermesse da Padroeira, realizada em setembro, no aniversário da cidade, também era igual, somente que maior e mais concorrida.          Vez por outra realizavam-se quermesses extras, como a da Santa Casa, que era famosa. Realizava-se na própria rua fronteira ao hospital, habitualmente; outras vezes, no pátio interno daquilo que era o Mercado Municipal. Em tais festejos havia de tudo o que atrás se mencionou, e como complemento todos os jogos de azar existentes e por existir, proibidos por todos os códigos penais do  mundo: roleta, buzo, “chemin de fer”, jaburu, catarina, dados, etc. Jogava-se desbragadamente, com todo furor, apesar da proibição legal: mas que é que podia o frio texto legal contra os velhos políticos do PRP, que a tudo presidiam, e que encarnavam a própria lei, em sua forma bípede?

FESTAS TRADICIONAIS DE DESCALVADO (Gerson Álfio De Marco)

FESTA DA PADROEIRA

É a maior e mais tradicional festa da cidade, pois além da manifestação de fé do povo descalvadense à sua Padroeira Nossa Senhora do Belém, os festejos coincidem com a data da fundação da cidade que é 8 de setembro. Reune festejos cívicos, sociais, esportivos e religiosos. Na Praça da Matriz realiza-se a tradicional quermesse com barracas de prendas, jogos, doces, sorteios. No meio da rua Barão do Descalvado fica a barraca da ceia, que a cada ano serve como ponto de encontro de todos os descalvadenses aqui residentes e dos que convergem de suas novas residências em outros Municípios na devoção à Padroeira. O ponto alto da festa é a Procissão de Nossa Senhora do Belém,  que realiza-se ao entardecer e leva centenas de devotos às ruas. À chegada da imagem ouve-se o repique de sinos, o explodir de rojões e o povo a aplaudir a Padroeira. Após a missa solene em  praça pública a imagem é reconduzida pelos fiéis ao altar.

 

FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO

 

É uma das mais pomposas festas da Paróquia de Nossa Senhora do Belém. Isso devido à roupagem e à caprichosa organização da tradicional “Corte do Divino”, com o seu Imperador e a sua Imperatriz, Pagens, Damas e Portador, em algumas épocas constituídas de adolescentes e em outras de crianças. Antecedendo a procissão, realiza-se no centro da cidade o tradicional leilão de lenha. Antes conduzidas em carros de boi, depois em carroças, e agora em caminhões, são arrematadas e geralmente se transformam em donativos para as casas de caridade da cidade. Foram leiloeiros famosos Chiquinho Rodrigues e José Jordão.

 

FESTA DE SÃO SEBASTIÃO

 

Realizada em Descalvado, há quase 100 anos, no Bairro de São Sebastião, sempre foi movimentada, atraindo grande parcela da população, principalmente no dia máximo da festa, ou seja 20 de janeiro, quando a festa tem início logo cedo com o tradicional leilão de gado. Um dos aspectos interessantes da festa é a mini-feira que se estabelece naquela praça com barraquinhas de miudezas. que oferecem os mais variados artigos, ao som do serviço de alto-falantes na oferta de músicas românticas e sertanejas, numa delicada troca de gentilezas entre namorados. Antigamente era comum durante o trajeto da procissão, a presença de crianças em vestimenta idêntica ao glorioso Mártir São Sebastião, Padroeiro do Bairro, em pagamento de promessa por graça alcançada. Na década de 70 a tradicional Capela do bairro foi demolida e em seu lugar construído um novo templo e ao seu derredor a Prefeitura construiu uma Praça que substituiu os antigos barracões.

 

FESTA DE SÃO BENEDITO, SANTO ANTONIO E SÃO JUDAS TADEU

 

Até o ano de 1954 esta festa dedicava-se  unicamente ao Padroeiro do Bairro, São Benedito. Depois disso as festividades incluíram louvor a Santo Antonio e São Judas Tadeu. Realizava-se sempre no mês de junho, incluindo-se na parte religiosa, recitação do terço, ladainhas e novenas e a tradicional “Cavalaria Antoniana” realizada no dia 12 que é dedicado a Santo Antonio.  Até 20 anos atrás era tradicional também o “samba” realizado na véspera de Santo Antonio, em volta da grande fogueira, coordenado pelo negro “Caetanão”. Na quermesse que durava vários dias, movimentados leilões de prendas, barracas de sorteios, serviço de alto-falantes com ofertas e pedidos de músicas e barraca da ceia. Depois da construção pela Prefeitura da Praça ao derredor da Igreja que recebeu o nome do ex-prefeito “Prof. José Ramalho Gabrielli”, a festa se modernizou perdeu muito de seu encanto. Mais recentemente a festa se desmembrou para 3 datas: 13 de junho Santo Antonio que se realiza na comunidade de Santo Antonio; 5/10 São Benedito que continua no mesmo local defronte a Igreja e 28/10 São Judas Tadeu que se realiza no Jardim do Lago.

 

CAVALARIA ANTONIANA

 

Instituída em 1948 pelo Pároco Monsenhor José Canônico, essa procissão hípica entrou, em definitivo, para o rol das coisas típicas de nossa terra, e se fixou, formosamente, como uma manifestação de fé católica que encanta pelo conjunto e que se constitui numa singela, mas fortíssima afirmação da grande devoção do povo descalvadense por Santo Antonio. Percorrendo as vias públicas pela primeira vez no dia 13 de junho de 1948, a cavalaria virou costume e tradição, inicialmente sob o comando de Francisco Gonçalves dos Santos e Arlindo Mazzola. A solenidade que tem início após missa celebrada na Capela de São Benedito, segue-se a procissão aberta  pelo Capitão do Mastro, a empunhar o estandarte de Santo Antonio,  depois a imagem do Santo e a Corporação Musical (estes em caminhão), em seguida os demais integrantes, em duas longas filas, como a lembrar um velho exército colonial. No final carroças e charretes, algumas ricamente adornadas. O cidadão descalvadense Atílio Canova, nascido em 22 de setembro de 1910, foi o que mais participou  da cavalaria.

 

FESTA DE SÃO CRISTÓVÃO

 

Comemorado no dia 25 de julho, dia dedicado a São Cristóvão, consiste em uma carreata que conduz à frente a imagem do protetor dos motoristas, seguindo logo atrás em caminhão a tradicional Corporação Musical Santa Cecília. A festa teve início na década de 1960 numa iniciativa de Antonio Ângelo Sartori e Pedro Fuzaro, na época proprietários do Posto São José, localizado na confluência das avenidas Coronel Tobias com Guerino-Oswaldo.

 

FESTA DA CARIDADE

 

Depois da inauguração do Asilo São Vicente de Paulo em 8 de setembro de 1937, havia necessidade de se promover festas para arrecadação de fundos para sua manutenção. Foi quando teve início a Festa da Caridade, inicialmente ao derredor do Asilo e depois no seu interior. A quermesse era realizada no mês de julho, por  ocasião da comemoração do dia de São Vicente de Paulo, patrono da entidade. Eram leiloadas prendas, realizados sorteios e vendiam-se comestíveis e bebidas. Depois de realizadas por diversos anos seguidos, foram interrompidas por algum tempo, retornando em 1965 com nova data, fazendo coincidir seu encerramento com o Dia 1º de Maio, dia do trabalho. Funciona Serviço de Alto-falantes com oferecimento de músicas, sorteio de frango assado e de prendas, vendas de doces e salgados, num trabalho incansável dos vicentinos e outros abnegados auxiliares, ficando toda a arrecadação da festa para os anciãos residentes naquele Asilo.

 

FESTA DE NOSSA SENHORA DA SAÚDE

 

Realiza-se todos os anos, desde 1.907 na Fazenda Sant’Ana, tendo como ponto de referência das comemorações o dia 21 de novembro, coincidindo entretanto o final da festa com um domingo, visitando facilitar o comparecimento dos seus tradicionais freqüentadores e dos peregrinos , já que a festa atrai visitantes de toda a região devotos de Nossa Senhora da Saúde cuja imagem foi encomendada na Itália. Seu aspecto é de festa campestre, sendo que os peregrinos levam para a capela os seus pedidos comuns de saúde, os seus cumprimentos de promessas. Ao derredor da Capela existem os mais variados entretenimentos: serviço de bar, barraca de sorteios, leilão de prendas, leilão de bovinos, caprinos, suínos e galináceos. O ponto de destaque fica com o tradicional baile que avança pelo dia todo em local apropriado. A Fazenda Sant’Ana fica na Rodovia Vicinal Benedito Simel que liga Descalvado a Analândia.

 

FESTA DE SANTA TEREZINHA

 

A Festa em louvor a Santa Terezinha no Bairro do “Butiá” teve início na década de 40,  e era realizada no mês de outubro junto a Capela em louvor a Santa, atraindo grande número de peregrinos. Além da parte religiosa com novenas, ladainhas, recitação do terço e a tradicional procissão encerrando o evento, havia animada quermesse no final de semana, com o grande baile. No domingo de encerramento o bairro era pequeno para receber o grande número de pessoas que na sua maioria se dirigiam ao local transportados pelos comboio da Companhia Paulista de Estrada de Ferro, depois FEPASA, cuja estação ficava bem ao lado do recinto da festa. A partir de 1968 sem que saibamos ao certo o motivo, a Festa de Santa Terezinha do Bairro do Butiá deixou sua tradição anual e passou a realizar-se esporadicamente.

 

FESTA DO LAR ESCOLA

 

Desde 1909 quando da fundação do Lar Escola Imaculada Conceição, conta a tradição que ali sempre se realizou festas e exposições, com barracas diversas de prendas, doces e salgados, cujo dinheiro se reverte a manutenção das meninas ali residentes. A festa realiza-se no transcorrer do mês de julho.

 

FESTA DE NOSSA SENHORA APARECIDA

 

Realiza-se anualmente no dia 12 de outubro dia consagrado à Padroeira do Brasil, na Fazenda Serrinha, atraindo visitantes de todas as localidades.

 

FESTA DE CORPUS CHRIST E A TRADIÇÃO DE ENFEITAR AS RUAS DA CIDADE

(Luiz Carlindo Arruda Kastein)

 

A tradição de enfeitar as ruas para a passagem da procissão de Corpus Christ é quase centenária. Desde os áureos tempos do apogeu do café, já se conta que as senhoras dos coronéis tinham por hábito colocar toalhas de renda nas janelas com vasos de flores, em respeito a passagem do “Corpo de Deus”. A este costume acrescentou-se aos poucos a colocação de folhas de árvores e flores no leito das ruas. A preferência era pelas folhas de mangueira por serem mais pesadas e, flores de época como o bico de papagaio. Esta tradição perdurou até a década de 60, quando o Eagle’s Club, uma agremiação de jovens da época, promoveu uma excursão até a cidade de Matão, município cuja maior atração turística era justamente os enfeites de rua de Corpus Christ. De lá trouxeram a idéia de enriquecer os enfeites acrescentando os seguintes materiais: pó de serra colorido com anilina, pó de café, casca de ovo, tampinhas de garrafa, sabugo de milho triturado, dentre outros.             Os jovens da época, coordenados pelo Presidente do Conselho da entidade Orivaldo Ivo de Medeiros “Vadinho”, realizaram o primeiro enfeite no ano de 1964, na rua Barão do Descalvado, partindo da esquina com a rua Bezerra Paes até a divisa com o Hotel Descalvado, portanto no trecho defronte a antiga sede social do CERD. A partir desta iniciativa toda a população passou a contribuir. Para o ano seguinte meses antes começavam os preparativos. Os moldes eram feitos de maneira curiosa. Escolhida a ilustração, a mesma era riscada diretamente no chão por mãos de exímios desenhistas ou fotografadas, sendo depois, o negativo ou o “slide”,  projetado em enormes painéis fixados na parede, em seguida transportados para o leito das ruas, onde eram revestidos com os materiais que davam o colorido no trabalho final. Crianças, jovens, adultos e idosos, costumavam passar toda a noite no trabalho. Normalmente as noites eram muito frias, havendo sempre aqueles que corriam as ruas servindo quentão ou vinho quente. O trabalho terminava bem de madrugada. Entretanto até a hora da procissão, normalmente 10,00 horas, eram dados os retoques finais. A população pela manhã corria as ruas para contemplar os enfeites. Afinal passada a procissão todo o material se misturava e era em seguida recolhido pelo pessoal da Prefeitura que seguia no final do cortejo. E a tradição como se acabou? Os enfeites de rua embora muito bonitos, eram bem trabalhosos. As familias meses antes já tinham que cuidar da coleta de materiais. Correr as serrarias para armazenar pó de serra, adquirir anilina nas fábricas de tecido da época. Arrumar um local próprio para tingir o material, trabalho artesanal de mistura que era feito nas mãos, usando-se luvas plásticas uma vez que o produto químico costumava provocar irritação. O sabugo era conseguido nas fazendas. Triturá-lo nas mãos era muito difícil, passando a ser feito em máquinas próprias, na época fábricadas pelos Irmãos Serpentino. Coletado todo o material, restava ainda a noite de serviço, na maioria das vezes no frio, outras na garoa, acompanhado da dificuldade de iluminação. Àquela época as ruas eram muito mal iluminadas. Para suprir a dificuldade, logo surgiram “profissionais” que se prontificavam a realizar o serviço em troca de remuneração. Somavam-se a esses, equipes de alunos visando arrecadar dinheiro para suas formaturas, clubes de serviço, entidades beneficentes, etc... etc..., cujos trabalhos eram julgados e premiados por comissões especiais. Isso tudo foi aos poucos minimizando o calor inicial, desaparecendo o Espírito Cristão, que acabou por dar fim a tradição, que voltou somente anos mais tarde no ano de 1997 com a posse do Padre Angelo na  Paróquia de Nossa Senhora do Belém.

 

FESTA DA AVICULTURA

 

Foi no início da década de 60 que realizou-se a 1ª FESTA DO GRANJEIRO, coincidindo com os Festejos de Aniversário da Cidade e tendo lugar na antiga Praça de Esportes Antonio Carlos Guimarães do CERD ao lado do Ginásio Estadual. A Festa consistia em demonstração de técnicas de manejo, possuindo um restaurante especializado em servir os diferentes pratos derivados do frango. Com o sucesso alcançado a festa passou a ter data e local próprio de realização no mês de julho e no local onde hoje se situa o Palácio do Povo, sendo incluída no Calendário Turístico do Estado, passando a denominar-se FESTA DA AVICULTURA, atraindo visitantes de todas as partes.  Era organizada pela União dos Avicultores de Descalvado, sociedade que foi extinta no início dos anos 70 e com ela mais esta  tradicional festa.

 

EVENTOS QUE MARCARAM ÉPOCA (Luiz Carlindo Arruda Kastein)

 

FEIRA DE CIÊNCIAS

 

- Realizadas nos anos 60, promovidas pelo CEDEC - Centro Descalvadense de Cultura, entidade estudantil e cultural, com a participação de estudantes de Descalvado, da região e de muitas outras cidades universitárias do Estado. O CEDEC foi fundado no ano de 1962, pelos alunos do Colégio Estadual e Escola Normal de Descalvado, coordenados  pelo Prof. Ary Pinto das Neves, e o primeiro presidente da entidade foi Pedro Gaspar. A primeira feira foi realizada no ano de 1963 no antigo prédio da Prefeitura  e Câmara Municipal na Avenida Guerino-Oswaldo. Devido o sucesso obtido no ano seguinte foi transferida para o prédio do Ginásio Estadual, tomando todas as salas. A realização das feiras coincidia com os festejos de Aniversário da Cidade. Apesar do sucesso de participantes e de público não tiveram seqüência, e foram encerradas antes da entrada dos anos 70.

 

CONGRESSO CATEQUÉTICO –  Realizado no ano de 1.963, reuniu em Descalvado todas as Paróquias pertencentes a Diocese de Campinas.

 

SEMANA DO JOVEM

 

- Realizadas nos anos 60, promovidas pelo EAGLE’S CLUB que era um clube de jovens voltado a filantropia e atividades sociais e esportivas, aconteciam no transcorrer do mês de outubro. Durante uma semana promoviam eventos públicos com apresentações de cinema ao ar livre no Jardim Velho, apresentação de corais e bandas na Praça da Matriz, competições esportivas no CERD e no Ginásio, apresentações de peças teatrais, atividades de confraternização de alunos e mestres, maratonas, gincanas, desfile de fanfarras, culminando com um grande baile que escolhia por votos a Miss Estudante. A exemplo das Feiras de Ciências não chegaram a atingir os anos 70. Desaparecendo quando a geração de jovens que as promovia, deixou Descalvado a caminho das faculdades.

 

CAMPEONATO INTERNO

 

- Série de competições promovidas pelo Grêmio Estudantil Descalvadense,  entre os alunos e alunas do Ginásio desde o início da década de 50,  nas modalidades de basquete, vôlei, futebol de salão e hand-ball. Tinham lugar na antiga quadra velha ao lado do ginásio. Eram realizados à noite, numa época em que não existia ainda curso noturno na cidade, e reuniam grandes torcidas que movimentavam toda a cidade. Com a inauguração da quadra do Ginásio estes jogos foram para lá transferidos. Com o início dos cursos noturnos no final dos anos 60, os jogos foram perdendo o brilhantismo até que foram extintos.

 

FESTA DA BONDADE

 

- Promovidas pela APAE nos anos 70 e realizadas de início nas piscinas do CERD e depois transferidas para o Largo da Matriz, reunia grande parcela da população em torno de eventos sociais e quermesses, cuja arrecadação revertia  em benefício da Escola da APAE. As primeiras festas foram memoráveis com palco montado dentro das águas das piscinas do CERD,  com atrações inesquecíveis como o Desfile das Nações e a apresentação das Mulatas de Sargenteli. Infelizmente grandes festas como esta desapareceram deixando saudades.

 

CARNAVAL (Luiz Carlindo Arruda Kastein)

            Os carnavais de Descalvado eram realizados em “salões”, precedidos de “corsos” que percorriam as principais ruas da cidade. Tivemos muitos clubes, o mais antigo que temos registro é o Clube da Lavoura e Comércio de 1.874. Depois vieram em 1.880  a Sociedade Recreio Familiar, em 1.895 a Sociedade Fratellanza Italiana, na passagem do século a Sociedade União Democrática e um pouco depois em 1.903 o Clube 13 de Maio. Num passado mais recente tivemos carnavais no prédio da Associação Rural, onde hoje é o Bamerindus, no Parque Infantil Maria Grassi, atual Estação Rodoviária e até um histórico “Carnaval de Batina” realizado na Sede Paroquial no ano de 1.958. Os carnavais do CERD seriam realizados a partir de 1.940 e os do Nosso Clube começariam em 1.957. A lança perfume reinou soberana pelos salões até 1961, quando foi proibida pelo Presidente Jânio Quadros. O coreto da Praça da Matriz também foi palco de muitos carnavais. A banda entoava marchinhas e os foliões se divertiam formando imensos cordões. Aliás a banda foi quem sempre animou nossos carnavais de salão. Os músicos se dividiam entre o CERD com o Jazz Band do Baiano e o Nosso Clube com o Conjunto do Vaninho. Como os clubes ficavam próximos, durante toda a noite era um intenso vai e vem de foliões cruzando o Jardim. Na rua o desfile de carros era chamado de “corso”. Todos saiam nas ruas para lançar confete e serpentina nos foliões. Os olhos eram protegidos dos jatos gelados de lança perfume, com máscaras de plástico transparente. O carnaval de rua começaria a tomar forma somente no ano de 1.965 com o primeiro desfile de carros alegóricos tendo a frente uma tímida bateria. Começava a nascer o Reino Unido de Nhô Nhô, que seria nosso primeiro bloco carnavalesco. Em 1.973 com a apresentação da Escola de Samba Panteras de Pirassununga, os foliões descalvadenses ficaram mais motivados  e acabariam por constituir duas grandes escolas: Anbraskol e Leão que durante alguns anos seria a alegria maior das noites de carnaval.

 

GRANDES DATAS

 

7 DE SETEMBRO DE 1922

CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA - INAUGURAÇÃO DO OBELISCO NA PRAÇA DO CENTENÁRIO           

            (Conto de Luiz Carlindo Arruda Kastein, baseado em artigo do Monsenhor João Baptista de Carvalho)

 

            Corria o ano de 1922, eram chefes: da Nação brasileira o Dr. Epi­tácio da Silva Pessoa, do Estado de São Paulo o Dr. Washington Luiz Pereira de Sousa e do Município de Descalvado o Coro­nel Rafael Tobias de Oliveira Sobri­nho. Em 7 de Setembro toda na­ção iria comemorar os 100 anos do brado de Independência ou Morte , proferido pelo então Príncipe Regente, em se­guida Pedro I, Imperador do Brasil, à beira do riacho do Ipiranga. Naqueles dias era coadjutor da Paró­quia de Nossa Senhora do Belém, o Padre João Baptista de Carvalho, muito moço e idealista, tomando para si a ini­ciativa para que Descalvado a exemplo de todo o Brasil, se postasse a altura nas comemorações do centenário da In­dependência do Brasil.  O jovem Padre procurou o en­tão Juiz de Direito, Dr. Luciano Este­ves dos Santos Júnior, propondo a constituição de uma "Comissão do Centenário", que ficou composta: Co­ronel Rafael Tobi­as de Oliveira So­brinho - Prefeito, que ficou como Pre­sidente efetivo da Co­missão, Dr. Luci­ano Esteves dos San­tos Júnior - Juiz de Direito e Presidente honorário da Co­missão, Julio Alves -  Promotor Públi­co interino e Secretário da Comissão,  Antônio de Camargo Campos -  Tabeli­ão e Tesoureiro da Comissão, Dr. João Francisco de Oli­veira - Delegado de Polícia, Padre João Baptista de Carvalho - coadjutor da Pa­róquia, Antonio Luiz Fabiano - Advo­gado, José Elias - Vere­ador,  Ferrucio Crescenti -  Secretário da Prefeitura,  Alberto Cândido Rodri­gues - Fiscal da Prefeitura, Prof. An­tônio Queiroz - Diretor do Colégio Santo Antonio e auditor da guarda municipal, Enge­nheiro Aurélio Ma­chado, Lázaro Timótheo do Amaral - ajudante do 1º Tabeli­ão e os cidadãos Vicente Tallarico e  Pedro Guidugli. Como primeira medida a Co­missão decidiu pela ereção de um obe­lisco na praça atrás da Igreja Matriz, a qual passaria a denominar-se "Praça do Centenário", e no obelisco seria afi­xada uma placa de bronze homenage­ando o Centenário da Independência. Os proje­tos do obelisco e da Praça do Centená­rio foram elaborados sem ônus para a Comissão por seu membro, o enge­nheiro civil Dr. Aurélio Machado, sendo que as pedras foram fornecidas gratuitamente pelo Coronel Rafael Tobias de Oliveira Sobrinho, extraídas da sua propriedade rural denominada Fazenda Bandeira. No dia 20 de agosto de 1922, às cinco horas da tarde, reuniram-se os mem­bros da Comissão para o lança­mento da primeira pedra do alicerce para o obe­lisco, com a benção dos re­verendíssi­mos senhores Cônego João Osório Marcondes - Vigário da Paró­quia e Padre João Baptista de Carvalho - coad­jutor. Logo após sobre os acordes do Hino Nacional Brasileiro e com a explosão de inúmeros foguetes, enter­rou-se na base do obelisco, em reci­pientes de vidro, com as bocas devida­mente lacradas, a ata inaugural, diver­sos jornais, moedas antigas e "modernas" do país, cartões de visita de várias pessoas presentes, bem como uma cópia da lista com o nome das pes­soas que patrioticamente fizeram doa­ções para a construção do monumento, que seria festivamente inaugurado no dia 7 de setembro, com o  programa festivo que estamos transcrevendo abaixo, observando a ortografia da época:

 

CENTENARIO DA INDEPENDEN­CIA NACIONAL

 

Nutrindo as autoridades e o povo de Descalvado o patrio­tico desejo de so­lemnizar condignamente a grande data do Centenário de nossa emancipação política, organizou-se, com esse intuito o seguinte

PROGRAMA

6 DE SETEMBRO

À MEIA NOITE - A Banda Músical "Santa Cecília", sob repiques de sinos, ao espoucar de foguetes e morteiros, saudará o romper do auspicioso dia

7 DE SETEMBRO

ÀS 5 HORAS - A Banda Músical per­correrá a cidade em festiva ALVORA­DA, como à meia noite.

ÀS 9 HORAS - Terá início a solem­nissima Missa Campal, no adro da Igreja Matriz, sendo celebrante o Re­vdmo, Vigario Sr. Conego João Osorio Marcondes e fazendo uma allocução o Revdmo. Coadjutor, Padre João B. de Carva­lho. Na Elevação, a Sagrada Hostia será saudada pelo hymno nacio­nal, marcha batida e continencia pelas forças que assistirão formadas. As cre­anças dos estabelecimentos de ensino publico e particulares  cantarão bellos hymnos patrioticos, ensaiados para a circumnstancia.

ÀS 15 1/2 HORAS - Deverão reunir-se as autoridades, escolas, associações e povo na praça fronteira ao Forum onde, depois de entoado um hymno patriotico, o Exmo. Sr. Dr. Luciano Esteves dos Santos Junior, Juiz de Di­reito da Comarca, fará uma conferencia descorrendo sobre a relevancia da data.

AS 16 1/2 HORAS - hora em que D. Pedro lançou o brado retumbante, será festivamente descoberto e inaugurado o Monumento Commemorativo da passa­gem do Centenário, cantando-se o hymno nacional.

Em seguida serão plantadas na praça, ao lado do monu­mento, quatro palmei­ras imperiaes e um pau-brasil, ao mesmo tempo que se descobrirão as novas placas, que denominarão o local - Praça do Centenário.

ÀS 18 1/2 HORAS - As autoridades, alumnos das escolas associações e povo deverão reunir-se na "Praça do Centenário" donde, precedidos pela corporação músical desfilarão em "marche aux lambeaux" pelas ruas da cidade, em festiva Passeata Cívica.

ÀS 20 HORAS - A Banda Músical "Santa Cecílicia" dará início, no coreto adrede armado na "Praça do Centená­rio" então profusamente iluminada, a um magnifico Concerto, em que figura­rá o "Guarany" do immortal Carlos Gomes uma das glórias dos cem annos do Brasil independente.

           

Pelo programa viemos a saber que as quatro palmeiras imperiais existentes na Praça, contam também com 72 anos. O pau-brasil infelizmente não existe mais. Um infausto acontecimento amargaria a memória dos descalvadenses. O Juiz de Direito Dr. Luciano acometido de pneumonia, em ato patriótico deixou o leito para proferir seu discurso no ato inaugural do obelisco. Teve uma forte recaída e veio a falecer alguns dias depois. A cidade perpetuaria sua memória denominando a praça onde se localiza o forum com seu nome. Cinqüenta anos depois, às 11,00 horas da manhã em 7 de setem­bro de 1972, por ocasião dos festejos dos 150 anos da Independência do Brasil o obelisco seria aberto. Os do­cumentos deposita­dos em 1922, foram todos retirados para exposição pública. Novos docu­mentos foram guardados desta vez em urnas especiais de chum­bo, gentilmente confeccionadas pelo artífice Lilo Quachio, contendo inclusive uma fita gravada com pala­vras das autoridades da época e mem­bros da Comissão: Deolindo Zaffalon - Prefeito Municipal, Geraldo Antonio Traldi - Vice-prefeito, Paulo Bonito Jú­nior - Juiz de Direito, Segis­mundo Lahoz Júnior - Delegado de Po­lícia, Hilde­brando Todescan - Presidente do Rotary Club, Luiz Carlindo Arruda Kastein - Comissão Municipal de Tu­rismo e Be­nedito Sebastião Chiaretto - Comissão Organizadora. Foi orador na solenida­de o Prof. Gérson Álfio De Marco. Criou-se assim uma tradição em abrir o obelisco a cada 50 anos e verificar o que de bom uma geração vem deixando para outra. A próxima solenidade já está marcada para 2022. Quem viver verá. “Ata da sessão extraordinária, previamente convocada, para solenizar-se a passagem do 1º Centenário da Independência do Brasil. Aos sete dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e vinte e dois, nessa cidade de Descalvado, Estado de São Paulo, República dos Estados Unidos do Brasil, no edifício da Câmara Municipal, em sua sala de sessões, pelas doze horas da tarde, presentes os senhores Vereadores Capitão Augusto de Oliveira Campos, José Elias, Ferrucio Crescenti, Major Francisco Benjamim de Arruda e Major Francisco Lefcadito, assumiu a Presidência o Senhor Capitão Augusto de Oliveira Campos, tendo a seu lado a mim Secretário, estando também presentes o Sr. Dr. Juiz de Direito da Comarca, Dr. Delegado de Polícia, Promotor-público interino da Comarca e diversas outras pessoas gratas da cidade, declarou o referido Sr. Capitão Augusto de Oliveira Campos aberta a sessão, em a qual queria a Câmara Municipal desta cidade, render a sua mais carinhosa homenagem à nossa Pátria, no dia precisamente em que ela vence o primeiro centenário de sua independência; e prosseguindo patrioticamente em sua saudação ao Brasil, declarou o mesmo Sr. Presidente que agradecia penhorado a todos os presentes que compareceram a esta sessão solene, manifestando assim o veemente amor por esta nossa grande e querida Pátria, terminando por declarar que concedia a palavra a quem dela quizesse usar; logo em seguida ao ser corrida a cortina que cobre o formoso quadro que reproduz a histórica serra do Ipiranga e que previamente se achava colocado na parede principal da sala de sessões, declarou ainda o Sr. Presidente que convidava para desvendar o quadro o Dr. Juiz de Direito da Comarca. Levantando-se o Dr. Juiz de Direito da Comarca, começou dizendo que agradecia muito penhorado e que de coração aceitava o honroso e gentil convite do Sr. Presidente, mas antes de dar obediência a esse convite, pedia licença para ler um telegrama de São Paulo,onde se encontra a negócios urgente, lhe transmitira ontem o Sr. Cel. Rafael Tobias de Oliveira Sobrinho, digno Prefeito Municipal, pedindo escusa pela sua ausência forçada, incumbia, ao Revmo. Sr. Cônego João Osório Marcondes, digno Vigário da Paróquia, de representá-lo em todas as festividades que nesta cidade serão feitas em honra e glória do Brasil, nesta data magna. Em seguida o mesmo Dr. Juiz de Direito correu a cortina que velava o quadro da Independência, pronunciando em seguida uma alocução patriótica. Declarou o Sr. Presidente que daria ainda a palavra a quem dela quizesse fazer uso; neste momento pediu a palavra o Sr. Vereador Major Lefcadito, que pronunciou seu brilhante discurso de saudação ao Brasil e aos fatores de sua Independência; após este discurso, pediu a palavra o Sr. Vicente Tallarico, que em nome da colônia italiana e demais colônias estrangeiras aqui domiciliadas pronunciou uma delicadíssima alocução saudando o Brasil. Não havendo mais quem quizesse fazer uso da palavra, o Sr. Presidente em emocionantes e eloqüentes palavras, agradeceu o comparecimento das autoridades locais e de todas as pessoas gradas que compareceram a esta sessão para render suas homenagens ao nosso caro Brasil. Prorromperam então, inúmeros e entusiásticos vivas ao Brasil, ao dia 7 de setembro, à cidade, ao povo e à Câmara Municipal de Descalvado. Nada mais havendo a tratar, declarou o Sr. Presidente encerrada esta sessão solene, determinando a mim Secretário que lavrasse a presente ata para perpétua memória desta patriótica comemoração a qual vai assinada pelo mesmo Sr. Presidente, Srs. Vereadores e demais pessoas presentes. Eu, Pedro Belmarço de Oliveira, Secretário, a escrevi e também assino. (aa) Augusto de Oliveira Campos, Presidente; José Elias, Ferrucio Crescenti, Francisco Benjamin de Arruda, Francisco Lefcadito, Julio Alves, Promotor Público Interino; João Francisco de Oliveira, Delegado de Polícia; Luciano Esteves dos Santos Júnior, Juiz de Direito; Olívia Garcia Campos; Aurélio Machado, engenheiro civil; Amâncio de Oliveira Penteado Filho, Vicente Tallarico, Joaquim Alves Aranha, Antonio de Campos Camargo, 1º Tabelião; Casimiro do Amaral Simonetti, 2º Tabelião Interino; Andrelino Penteado, Sebastião Carlos ?, de Araras; Silvério Eusébio de Oliveira Guimarães, Oficial de Justiça; Eugênio Nosenzo, barbeiro; Pedro Salomão, Afonso Celso de Oliveira Penteado, Romeu Bonitátibus, Presidente da Societá Italiana; Vicente César Casati, Caetano Benine, Ernesto Hipólito, Vitório Salomão, Pedro Guidugli, Ângelo Factor, João Hipólito, Romano Hipólito, Ferdinando Zaffalon, Francisco Antonio dos Santos, Humberto Martino, Domingos Miraglia, Correspondente Consular da Itália; Carlos da Motta, Mário Alves Aranha, Tertulino de Oliveira Guimarães, Alfredo Xavier de Souza, Ernesto A. Penteado, Alberto Cândido Rodrigues, Antonio Hipólito, Eugênio Tossato, Pedro Ernesto de Oliveira, Maria Flávia Rodrigues, Santina N. Rodrigues, Albertina Rodrigues, Pedro Belmarço de Oliveira, Secretário da Câmara.”

 

9 DE JULHO DE 1932 – A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA EM DESCALVADO (Gerson Álfio De Marco)

 

            No dia 10 de julho de 1932, seguira para a luta os componentes do destacamento local da Força Pública do Estado. Seguiram também diversos descalvadenses que prestavam serviço militar em guarnições do Estado e do País ou estavam vinculados as forças armadas em definitivo. Entre eles de Campo Grande, Mato Grosso, o Sub-oficial João Batista Betestti e seu irmão Sargento Arlindo Bestetti, ambos integrados nas hostes do General Bertoldo Klinger, comandante supremo da revolução; Osvaldo de Arruda Reis, do 2º Regimento de Cavalaria de Pirassununga e Guerino Luiz Mazzola do 4º Regimento de Infantaria  da Capital do Estado. Descalvado enviou também muitos voluntários: Dr. Nelson de Godoi Pereira engenheiro, os irmãos José Bento Ferreira e Clodovil Faria Ferreira, Nelson Brand de Lima, Ulpiano Valente, Antonio Mayese (renomado futebolista descalvadense), John Von Schmidt, Dr. Glenan Leite Dias (que serviu em hospital de guerra), Alberto João Domingues (cantor barítono), Nelson Jordão, os irmãos Manoel Barbosa Adorno, João Vicente Adorno e Joviano Vicente Adorno, José da Silva (humilde roceiro), Silvério Eusébio Guimarães (tipo popular da época conhecido como Zé Bolô), Plínio de Castro Prado (que serviu na Cavalaria Rio Pardo), Benno Rieckmann (que também serviu na Cavalaria Rio Pardo e mereceu ver seu nome citado no livro de Orígenes Lessa, “Ilha Grande” e que narra os sofrimentos de prisioneiros paulistas nessa ilha carioca), Fernando Villa (um dos dois descalvadenses presentes na 1ª Grande Guerra, combatente do front italiano, como artilheiro e ostentador de quadro medalhas de guerra, três do Reino da Itália e uma da República da França e que ao partir para a guerra paulista, levou consigo o seu velho capacete de aço que o acompanhou nos campos de batalha da primeira grande guerra, Péricles de Oliveira o Pequinha, que se singularizava por sua vida boêmia, Mário Vitulli, Alceu Dutra e outros... Alguns morreram: Antonio Fernandes de Oliveira, o Totó, rioclarense de nascimento mas descalvadense de criação, enteado do Cel. Rafael Tobias de Oliveira Sobrinho; em julho a morte de Luiz Roher, natural de Analândia, mas consorciado da família Barbosa Adorno de Descalvado. No dia 30 de julho tomba em Areias, Oswaldo de Arruda Reis, que contava com apenas 21 anos. Em 16 de Agosto, a morte em Silveiras de Guerino Luiz Mazzola. Era a morte de dois descalvadenses. Oswaldo de Arruda Reis era filho de Ananias dos Reis e de Lídia de Arruda Reis, nascido em Descalvado, em 21 de abril de 1911. Guerino Luiz Mazzola era filho de Luiz Mazzola e Célica Bertani Mazzola e havia nascido em Descalvado, em 3 de novembro de 1909.  O destino reserva-lhes a rua principal de Descalvado, para batizá-la com seus nomes, numa eufônica conjunção denominativa: Guerino-Oswaldo. Mas a participação de Descalvado na revolução foi muito além de ceder bravos soldados. a gente descalvadense doou muitos alimentos que seguiam para as linhas de frente em vagões da paulista. Foram cedidos incontáveis cavalos, escolhidos a dedo após a maior concentração hípica local no antigo campo de pólo. E cedeu muitos braços de trabalhadores para a abertura de trincheiras além de Araras, num preparo de retaguarda para possível defesa caso fossem rompidas as linhas de Mogi-Mirim e Campinas e que, de fato, o foram, mais tarde. A revolução pediu também a Descalvado um campo de pouso de emergência para aviões constitucionalistas e, nas terras da Fazenda Graciosa de Plínio de Castro Prado, mas de trezentos trabalhadores rurais das circunvizinhanças construíram em poucos dias, o campo. Os pousos não se verificaram, mas sobrevoou a grandidão do campo o famoso Vermelhinho, avião da Ditadura Vargas, pilotado pelo Brigadeiro Eduardo Gomes que veio espionar o arrojo da gente descalvadense que tanto contribuiu para a revolução paulista.

 

DENOMINAÇÃO DO BATALHÃO DESCALVADENSE COM 60 COMBATENTES: - Paula Carvalho.

 

COMITÊ REVOLUCIONÁRIO PRÓ CONSTITUINTE DE DESCALVADO - 1932

Membros: Dr. Anastácio Vianna (Presidente), Dr. Antonio Luiz Fabiano (Secretário), Antônio de Campos Camargo,  Coronel Joaquim Alves Aranha, Padre Manoel Alves, Victório Salomão, Vicente Tallarico, Júlio Ferraz de Camargo, Dr. Hugo Pereira de Abreu, José Branco Della Libera, Vito Gaia Puoli, Dr. Fausto Leite de Moraes, Dr. Carlos de Souza Geribello, Salustiano Ramalho, José Bento Ferreira e Dr. Victório Amadeu Casati.

Comissão de abastecimento: Coronel Joaquim Alves Aranha, José Bento Ferreira e Dr. Fausto Leite de Moraes;

Comissão de ordem pública: Dr. Antonio Luiz Fabiano, Dr. Carlos de Souza Geribello e Victório Salomão;

Comissão de instrução militar: Tenente Francisco Coutinho Filho, Alberto João Domingues, Cabo Cav. João Lacerda Soares e José Gabriel Elias;

Comissão de higiene: Dr. Victório Amadeu Casati, Dr. Jenner de Faria e Dr. Glenan Leite Dias


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